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Gerenciamento eletrônico da injeção de diesel e automatização das caixas de transmissão formam combinação que entrega potência na medida certa com menor consumo de combustível
Corós rizófagos, larva alfinete, lagarta-do-cartucho, lagarta elasmo, lagarta rosca, broca da cana, cigarrinha, mosca branca e percevejo barriga-verde estão entre os insetos que causam prejuízos à cultura do milho. O tratamento de sementes com inseticidas é uma das alternativas para proteger a cultura de ataques na emergência e em estádios iniciais de desenvolvimento das plantas.
O milho cultivado em condições brasileiras sofre intenso ataque de pragas, sendo esse um dos principais fatores que impede a cultura de atingir o seu máximo potencial produtivo.
Dentre as pragas que atacam as raízes de milho na região Centro-Oeste, destacam-se as larvas subterrâneas rizófagas de besouros melolontídeos, também denominados de corós, bicho-bolo e a larva-alfinete, que embora possam ocorrer durante todo o ciclo da cultura, causam danos mais severos nos estádios iniciais de desenvolvimento das plantas.
Corós rizófagos são larvas de coleópteros da família Melolonthidae que apresentam o corpo de coloração branca, três pares de pernas torácicas e se posicionam no formato de U, quando em repouso. Os danos de corós no milho são provocados pelo consumo de raízes, acarretando-se redução na capacidade das plantas de absorver água e nutrientes, ingredientes esses essenciais para o seu desenvolvimento. Essa intensidade de danos é maior em plantas jovens de milho, cultivadas em solo de baixa fertilidade, com camadas adensadas e sob condições de déficit hídrico. As plantas atacadas por corós apresentam inicialmente desenvolvimento reduzido, seguido por amarelecimento, murcha e morte, podendo esses sintomas ocorrer em grandes reboleiras distribuídas irregularmente nas lavouras. Em condições de alta infestação de corós no solo, pode se dar até 100% de perda da lavoura, especialmente quando a presença de larvas mais desenvolvidas coincide com a fase inicial de desenvolvimento das plantas de milho.
O corós Liogenys suturalis e Phyllophaga cuyabana são espécies que apresentam uma geração/ano (univoltino) e que tradicionalmente ocorrem nas lavouras de milho do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. P. cuyabana é uma espécie que pode causar danos tanto em milho como na soja, enquanto L. suturalis está associado somente a gramíneas como milho, trigo e aveia. As revoadas de adultos destas espécies ocorrem durante os meses de setembro a novembro. Após o acasalamento, os ovos são colocados no solo, onde ocorre o completo desenvolvimento das fases imaturas do inseto. As larvas apresentam três estágios de desenvolvimento (instares) e, no final do terceiro estágio, entram na fase de pre-pupa, quando não mais se alimentam e apresentam baixa mobilidade.
À semelhança do coró, a larva-alfinete, Diabrotica speciosa, alimenta-se das raízes do milho. As larvas dessa praga são de coloração esbranquiçada, porém apresentam, na cabeça e na placa anal uma mancha esclerotizada de coloração pardo-escura ou preta. Essas larvas alimentam-se especialmente das raízes adventícias do milho. A perda dessas raízes reduz a capacidade das plantas de absorver água e nutrientes, tornando-as menos produtivas, bem como mais suscetíveis a doenças e ao tombamento. As plantas caídas ficam com um aspecto recurvado, caracterizando o sintoma conhecido como “pescoço de ganso”. Embora essas plantas, por ocasião da colheita, possam conter espigas de milho desenvolvidas, geralmente não são colhidas pela plataforma da colhedeira.
A principal praga do milho, que é um enorme problema tanto para os pequenos como para os grandes produtores, é a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, também conhecida como lagarta-militar. É uma praga cosmopolita, que ataca várias culturas de importância econômica em diferentes países. No Brasil, além do milho, esta praga é encontrada atacando plantas de algodão, trigo, arroz, sorgo, soja entre outras.
Os danos causados no milho pela lagarta são um dos entraves para a garantia da produtividade da cultura, podendo reduzir a produtividade em até aproximadamente 35%. As lagartas, no início apenas raspam as folhas e quando desenvolvidas, podem destruir completamente o cartucho, produzindo grande quantidade de excreções nas folhas remanescentes .
Com o aumento do plantio do milho na segunda safra (“safrinha”) e o cultivo deste cereal em áreas irrigadas, a população da praga tem aumentado consideravelmente e apresentado uma mudança no seu comportamento habitual, atacando plantas recém emergidas e provocando sintomas de “coração morto” semelhantes ao da lagarta-elasmo, Elasmopalpus lignosellus. As lagartas cortam as plantas rente ao solo como ocorre com a lagarta-rosca, Agrotis ipsylon, especialmente em períodos de veranico. Quando a praga ocorre no final do ciclo da cultura, as lagartas podem também danificar a espiga, apresentando o mesmo hábito das lagartas-da-espiga, Helicoverpa spp.
O lançamento das primeiras cultivares transgênicas de milho-Bt levou os produtores a um enorme otimismo, pois nos primeiros anos de plantio a principal praga da cultura era muito bem controlada. Entretanto, o uso intensivo em quase a totalidade das áreas de plantio associado a não realização de refúgio proporcionou uma menor suscetibilidade das lagartas do gênero Spodoptera às proteínas tóxicas produzidas pelas cultivares Bt, levando ao insucesso no controle dessa praga em poucos anos.
Uma das principais táticas de controle contra lepidópteros-pragas, com principal objetivo de controle da lagarta-do-cartucho na cultura do milho é o uso de plantas que expressam proteínas tóxicas (Tabela 1), que são cultivadas em grande escala, com mais de 80% das áreas cultivadas em todo país. No entanto, os eventos Bt comportam-se de forma distinta para cada espécie de praga, ou seja, não se espera o mesmo nível de eficiência para as principais pragas-alvo da tecnologia, como S. fugiperda, Diatraea saccharalis e Helicoverpa zea.
Até o momento no Brasil, o maior entrave para o sucesso de controle das cultivares Bt são as lagartas do gênero Spodoptera, que apresentam maior potencial para evolução de resistência, pois possuem grande capacidade reprodutiva, gerações contínuas e sobrepostas. Com a intensificação da agricultura, os cultivos sucessivos possibilitam a sobrevivência de elevadas populações de S. fugiperda e o fluxo contínuo de mariposas entre culturas hospedeiras favorecem a manutenção de altas populações, propiciando a ocorrência de severas infestações em qualquer estádio fenológico e época de cultivo. Soma-se a isso o fato de haver baixa adoção de áreas de refúgio e de outras táticas de controle, o que torna o cenário ainda mais favorável ao desenvolvimento de resistência. Entre as tecnologias de milho Bt com expressão de duas ou mais proteínas inseticidas várias não atendem aos requisitos básicos da pirâmide de genes, que provocam elevada mortalidade da praga-alvo e ausência de resistência cruzada entre as proteínas.
Neste cenário agrícola, foram constatadas falhas no controle da S. frugiperda em cultivares Bt que expressavam a proteína Cry1F. Com isso, em menos de quatro anos de uso dessa tecnologia no Brasil ocorreu também redução da eficácia de controle da lagarta-do-cartucho em cultivares contendo outras proteínas, como a Cry1A.105, além da Cry1F, devido à elevada probabilidade de resistência cruzada entre estas duas proteínas.
Neste contexto, a eficácia a longo prazo de cultivares contendo a proteína Cry2Ab2, que não apresenta resistência cruzada com proteínas Cry1, também pode ser comprometida, deixando de controlar a lagarta-do-cartucho, pois a proteína Cry2Ab2 mostrou baixa toxicidade contra S. frugiperda em estruturas reprodutivas o que pode favorecer um aumento na frequência de insetos heterozigotos resistentes em populações de campo.
A utilização de culturas de cobertura do solo como o milheto, semeado anteriormente ao plantio do milho é uma prática utilizada no cerrado brasileiro. Neste ambiente, a lagarta-militar, S. frugiperda, tem a capacidade de se reproduzir e, após a dessecação do milheto e plantio da cultura, lagartas grandes se abrigam na palhada junto ao solo e passam a cortar as plântulas recém-emergidas causando redução do estande. O atual avanço tecnológico no tratamento de sementes com inseticidas tem proporcionado a introdução de novos inseticidas como as diamidas antranílicas, que são eficientes no controle de lepidópteros no inicio de desenvolvimento das plântulas.
Trabalhos realizados pela equipe de pesquisa coordenada pelo pesquisador Geraldo Papa, da Unesp, Ilha Solteira, constataram o efeito dos inseticidas clorantraniliprole e ciantraniliprole, do grupo químico das diamidas atranílicas, aplicados via tratamento de sementes, para o controle da Spodoptera frugiperda aos até 20 dias após a emergência da cultura (Figura 1).
A lagarta-elasmo possui hábito alimentar polífago, proporcionando sérios danos a diversas culturas de importância econômica como milho, cana-de-açúcar, trigo, soja, arroz, feijão, sorgo, amendoim, algodão, dentre outras. As injúrias são provocadas quando a lagarta penetra na região do colo, logo após sua eclosão, fazendo galerias no interior do colmo, provocando a morte ou perfilhamento da planta. O controle é realizado com inseticidas em tratamento de sementes ou através de cultivares transgênicos (Bt).
Como a lagarta-elasmo, a lagarta-rosca também provoca danos à cultura em sua fase inicial de desenvolvimento. É uma praga secundária que está gerando danos mais frequentes e significativos em lavouras de milho, principalmente por provocar injúrias no período mais vulnerável da cultura, resultando em redução de estande. A espécie tem hábito noturno e “secciona” a planta logo acima do nível do solo, estando suscetíveis ao ataque da praga até 35 cm de altura. O uso de inseticidas na dessecação antes da semeadura pode reduzir o ataque da lagarta-rosca.
O dano dessa praga é proporcionado em sua fase larval, que após a eclosão perfura a planta ainda na fase de “cartucho”, promovendo orifícios ao longo da folha no sentido transversal. Caso a infestação seja precoce, as larvas podem aprofundar no cartucho e matar a planta logo após a emergência da cultura. Nas plantas mais desenvolvidas, o dano das larvas ocorre através da alimentação do interior dos colmos, produzindo galerias que enfraquecem a planta tornando-a propensa ao quebramento.
O controle deve ser feito preferencialmente quando as lagartas estiverem nos primeiros ínstares larvais com inseticidas. Outra alternativa é a utilização do controle biológico através de parasitóides como Trichogramma galloi (Hymenoptera: Trichogrammatidae) e Cotesia flavipes (Hymenoptera: Braconidae) e o uso de plantas Bt.
A espécie Dalbulus maidis é responsável por perdas expressivas na produção do milho, principalmente por transmitir para as plantas patógenos que proporcionam o enfezamento do milho. O aumento da incidência da praga e consequentemente de seus danos está diretamente relacionado a áreas em que se cultiva o milho de segunda época ou “safrinha”, onde os prejuízos causados por essas doenças têm sido maiores, como na região Centro-Oeste do país. O controle da cigarrinha é realizado através da pulverização de inseticidas registrados para este alvo.
São insetos pequenos com aproximadamente 1mm a 2mm de comprimento; apresentam dois pares de asas membranosas de cor clara, recobertas por uma pulverulência branca, enquanto o corpo é recoberto por uma cera extracuticular amarelada, dando aspecto de uma pequena mosca. As fêmeas da espécie possuem uma preferência para oviposição principalmente na primeira e segunda folha de milho, mas também são capazes de colonizar as folhas em desenvolvimento. Ainda não há informações relatando as injúrias provocadas na cultura do milho bem como não há informações de controle da praga nesta cultura.
A utilização do sistema de plantio direto e uso intenso das áreas por cultivo de milho safrinha tem favorecido o crescimento populacional do percevejo barriga-verde, Dichelops melacanthus, que promove danos às plantas de milho no início de seu desenvolvimento, quando injeta toxinas no colo das plântulas durante seu processo de alimentação, causando redução no estande e do vigor, além do perfilhamento. Entre os métodos de controle o uso de inseticidas é o mais eficaz, podendo ser realizado preventivamente, através do tratamento de sementes e via pulverização foliar.
Em pesquisas realizadas pela equipe de pesquisa do professor Geraldo Papa, da UNESP – Ilha Solteira, constatou-se a eficiência do uso de neonecotinóide + piretróide, no controle do percevejo barriga-verde, aplicado em pós-emergência.
Geraldo Papa, João Antonio Zanardi Jr, Roberto da Silva, André Gonsales Amaral, UNESP – Campus de Ilha Solteira/SP; Crebio José Ávila, Embrapa Agropecuária Oeste – Dourados/MS
Artigo publicado na edição 208 da Cultivar Grandes Culturas.
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