Combate a formigas cortadeiras: produto com princípio tóxico à base de mamoma e gergelim é nova alternativa

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O estudo da vida social das formigas cortadeiras de folhas e a maneira como constroem seus ninhos permitiram ao homem inúmeras maneiras de controle. Um dos mais notáveis meios foi a idealização de iscas em que as próprias formigas se encarregassem de carregar o elemento tóxico para o interior de seus ninhos, contaminado-os e causando a autodestruição. Isso foi possível graças ao estudo da casta conhecida como jardineiras, que recebia os vegetais ou as iscas para elaboração e colocação no fungo que cultivam, para alimentação de toda a população do sauveiro.

Antes dessa descoberta, os sauveiros eram eliminados pela contaminação total dos ninhos, por meio de produtos fumigantes, como o brometo de metila, gás embalado na forma líquida e que se gaseificava ao ser liberado da embalagem. Outros fumigantes como bissulfureto de carbono também eram empregados, exigindo sempre equipamentos sofisticados para esse fim, inclusive os mais modernos e motorizados, que aquecendo certos inseticidas devidamente formulados para esse fim, liberam a fumaça tóxica que é injetada no interior do sauveiro. Outra forma é a liquida, através da diluição dos inseticidas em água, ou em pó, em polvilhamento, utilizando também aparelhos próprios, conhecidos como polvilhadeiras, sendo os inseticidas veiculados com talco ou outro diluente em pó.

Qualquer que fosse o sistema, havia a necessidade de contaminação total, ou pelo menos uma que conseguisse atingir a rainha, o indivíduo essencial em um sauveiro. Devido à impossibilidade de localizá-la com a precisão necessária, era preciso, contaminar ao máximo o seu ninho para garantir sua extinção. Ou à maneira das iscas, eliminando também grande parte das jardineiras, para que o fungo não tivesse condições de ser fornecido à população restante.

Porém, na atualidade, considerando os aspectos ambientais e econômicos, passaram a ocorrer problemas para esse tipo de controle de formigas cortadeiras, como dificuldade de encontrar mão de obra adequada para alguns tipos de aplicações, demanda por equipamentos motorizados, que exigiam conhecimentos mecânicos e inúmeros outros aspectos como os riscos de contaminação do lençol freático pela simples aplicação de isca tóxica, além de permitir a rejeição ou a resistência que a saúva pode adquirir ao tóxico, além de sua dependência às condições climáticas, pois as saúvas não carregam no frio e as chuvas ou o excesso de umidade podem desfazer as iscas.

Nesse contexto a termonebulização (aplicação do formicida na forma de FOG), surge como alternativa promissora porque não depende das condições climáticas e a fumaça pode facilmente alcançar a rainha, geralmente localizada na parte mais profunda do sauveiro. Entretanto, a termonebulização depende do equipamento que além de custoso, exige pessoal mais qualificado para operá-lo.

Foi pensando nesse incoveniente que se idealizou o Autofog, uma embalagem que dispensa equipamento, além de ser constituido de material ecológico e liberar um elemento tóxico específico para saúvas, a ricinina, contida no óleo de mamona.

O aplicador consiste em uma embalagem de papelão, cônica, com duas extremidades: uma menor por onde é liberada a fumaça e outra maior, por onde é colocada com uma mistura de pólvora, óleo de mamona e óleo de gergelim em proporções adequadas. O material é ensacado juntamente com um pavio que se liga à extremidade menor, totalizando 20g. Em seguida o cone é fechado com uma tampa de madeira compensada.

Ao acender o pavio, a massa entra em combustão, liberando o principio tóxico da mamona e do gergelim. A ricinina, atua sobre as saúvas e o gergelim sobre o fungo cultivado pela saúva. Ambos os produtos são orgânicos e se degradam no solo.

A mamona é tóxica às saúvas e inúmeros são os trabalhos que indicam esse efeito sobre as formigas. As próprias saúvas, reconhecendo esse efeito, evitam utilizá-las. As tentativas de alguns pesquisadores em confeccionar iscas a base de mamona, não tem sido promissoras; já as folhas de gergelim são carregadas e até preferidas pelas saúvas que chegam a usá-las como substrato para o seu fungo. Mas como possui propriedades fungitóxicas, logo que isso é percebido, os insetos deixam de carregá-las, o que não impede uma redução considerável no desenvolvimento do fungo. Esta é razão pela qual muito agricultores acreditam que o gergelim elimina os sauveiros de sua propriedade quanto se cultiva essa planta.

Tendo em vista que a saúva não aceita espontaneamente a mamona, surgiu a idéia de introduzir a ricinina no seu organismo para intoxicá-las. Assim, o transporte de suas moléculas na forma de gases, introduizidas pelos seus espiráculos permitiu intoxicá-las rapidamente, o que é feito na forma de termonebulização.

Testes realizados com os termonebulizadores motorizados também são eficientess na condução das moléculas no interior do organismo das saúvas, mas aí esbarramos no equipamento convencional, com os inconvenientes jái citados.

Portanto, os óleos de mamona e de gergelim, empregados juntamente com 20g de pólvora conseguem atuar em qualquer espécie de saúva ou quem-quem, envolvendo uma área de aproximadamente 10 m2 de superfície, liberando a fumaça por cerca de 5 minutos, sendo tóxica apenas para elas, pois não afeta outros tipos de insetos.

No campo, recomenda-se escolher o canal de alimentação mais ativo, ou seja, aquele em que esteja entrando maior volume de folhas e aplicar a fumaça nesse local, onde, presume-se encontre-se a rainha. Como essa fumaça é pesada, ela descerá rapidamente atingindo a rainha, o que irá acabar com o sauveiro.

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