Cacho protegido

Se bem utilizada, a técnica do ensacamento pode reduzir danos nos frutos provocados pela ação dos ventos, diminuir a ação de doenças e a ocorrência de pragas em banana.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O ensacamento da bananeira é uma prática realizada quando o objetivo da produção é a obtenção de bananas com alto padrão de qualidade, demandadas principalmente pelo mercado internacional e pelos grandes centros consumidores do país, onde as exigências por frutos de qualidade superior são cada vez maiores.

Quando realizada corretamente, reduz os danos nos frutos provocados pelo atrito das folhas nos cachos pela ação dos ventos, diminui a incidência da doença conhecida como ponta-do-charuto, reduzindo também a ocorrência de pragas como a traça-da-bananeira, o tripes, a abelha arapuá e as lagartas. O ensacamento protege os frutos da aplicação de produtos químicos e da poeira, dos ventos frios e das geadas e aumenta a velocidade de crescimento dos frutos ao manter mais alta e constante a temperatura no interior do saco. Proporciona aos frutos uma coloração amarelo-claro mais uniforme, aumentando a elasticidade e a espessura da casca, além de servir como proteção na colheita e durante o transporte do cacho até a casa de embalagem.

Ao ensacamento também podem ser atribuídos aumentos de até 25% no rendimento do cacho, tamanho e diâmetro dos frutos, assim como a antecipação da colheita, uma vez que esta prática reduz o intervalo que vai do florescimento à colheita. As vantagens apresentadas pelo ensacamento consolidaram a sua utilização como prática universal no cultivo da bananeira.

A proteção do cacho é feita com sacos de polietileno, com perfurações laterais que variam de 0,5 a 1,0 cm, permitindo as trocas gasosas entre os frutos e o meio exterior. Sua espessura varia de 0,05 a 0,06 mm e sua dimensão é de 80 x 160 cm, sendo abertos em cima e em baixo, à semelhança de um cilindro oco, podendo ser encontrados em diferentes tipos e cores, dependendo das condições em que são usados:

a) transparentes, comuns e de coloração gelo, para regiões de baixa incidência de pragas;

b) transparentes, de coloração azul-celeste e impregnados ou não com inseticidas, para utilização em regiões com alta incidência de pragas;

c) leitosos, que conferem maior proteção contra poeira, usados em regiões onde a insolação é intensa.

Para que se possa auferir as vantagens do ensacamento por um período mais prolongado, deve-se realizar essa prática tão cedo quanto possível. No entanto, o mais comum é o ensacamento logo após a queda da última bráctea verdadeira, para evitar que a mesma, ao se enrolar antes da abscisão, fique aderida ao saco. Essa época coincide com o momento em que a última penca apresenta seus dedos voltados para cima, o que corresponde a aproximadamente 14 dias, após a emissão do cacho.

Quando a proteção é feita antes desse ponto, é necessário que se realizem vistorias periódicas do cacho, para o desprendimento das brácteas. O saco é colocado enrugado em torno do cacho e, depois, estendido cuidadosamente para não ser danificado e, finalmente, amarrado ao engaço na região acima da primeira cicatriz bracteal. Na época do ensacamento, pode-se planejar a colheita em função da idade do cacho ou do seu grau de corte, identificando-se as plantas mediante o emprego das fitas de cores diferentes de acordo com a semana da operação.

Vale ressaltar, porém, que a idade ou o grau de corte do cacho requer o conhecimento do período compreendido entre a emissão da última penca e o calibre ou maturidade fisiológica dos frutos, estabelecido em relação à distância dos distintos mercados consumidores. O estabelecimento desse período só é possível em cultivos sob distribuição mensal de chuvas que atenda às exigências da bananeira e/ou em cultivos irrigados, ambos bem adubados e conduzidos.

Estima-se que um homem, utilizando uma escada, possa ensacar manualmente de 100 a 150 cachos/dia e, com auxílio do equipamento, de 250 a 400 cachos/dia, a depender da altura da planta e da topografia do terreno. Em plantas de porte elevado, é necessária a utilização de uma haste adicional, acoplada ao equipamento, a fim de possibilitar o acesso aos cachos.

Embrapa Mandioca e Fruticultura

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