Biotecnologia e impactos na produção de biodiesel

Veja artigo de especialistas da ANBio sobre as possibilidades de utilização da biotecnologia na produção de biodiesel.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

No Brasil várias espécies vegetais são utilizadas atualmente para a

produção do biodiesel, entre as mais citadas destacam-se: mamona, dendê

(palma), girassol, babaçu, amendoim, cana-de-açúcar, canola, pinhão

manso e soja, dentre outras. Os investimentos e as perspectivas

oferecidas pela agroenergia constituíram tema central nas discussões do

agronegócio brasileiro em 2006. Devido a isso, em 2007, a biotecnologia

agrícola brasileira esteve no auge de seu avanço tecnológico, onde há a

expectativa em 2008 da possibilidade do aumento do uso desta tecnologia

neste setor.

Sendo assim, no ano de 2007, houve a liberação comercial de três tipos

de variedade de sementes de milho GM (Milho Guardian, Milho Bt11 e

Milho Liberty Link) e a aprovação de mais de 420 processos relacionados

a organismos geneticamente modificados (OGMs) pela Comissão Técnica

Nacional de Biossegurança – CTNBio (LERAYER, 2008).

A biotecnologia moderna tem sido empregada em vários cultivos de

oleoginosas, como na soja, no milho e no algodão, totalizando mais de

114,3 milhões de hectares cultivados no mundo. O Brasil em 2007 esteve

em terceiro lugar no ranking de países com a maior área de cultivo de

transgênicos, estimando 15 milhões de hectares, no qual 14,5 milhões de

hectares foram plantados soja RR e 500.000 hectares plantado com

algodão Bollgard, oficialmente plantado pela primeira vez em 2006

(JAMES, 2006). Sendo assim, é notório o aumento da porcentagem do

cultivo a cada ano, pois no ano de 2006 foram plantados 11,5 milhões de

hectares, tendo um aumento de 30% em relação a 2007 (ISAAA, 2007).

Considerando a diversidade brasileira de espécies, muitas são as

oleaginosas utilizadas para os mais variados fins, principalmente para

a produção de biodiesel. Pelo fato da política energética estar voltada

para a busca de soluções para a significativa importação de petróleo e

óleo diesel, uma das alternativas está sendo a utilização do

biocombustível.

Entre as espécies mais utilizadas, a soja é a matéria-prima mais viável

para a utilização imediata na produção de biodiesel (AGENUSP, 2006). No

entanto, a soja não é a opção mais atrativa para produção de biodiesel,

no que concerne ao custo de produção do seu óleo, quando comparada com

outras oleaginosas. Entretanto, a escala de produção, as opções de

conversibilidade do produto e a forma como está estruturado o seu

complexo, colocam o biodiesel de soja como uma alternativa a ser

fortemente considerada.

Porém é preciso considerar a utilização do algodão para a produção de

biodiesel, na qual uma das vantagens em relação à soja e demais

oleaginosas é que ninguém planta algodão por causa do caroço, a partir

do qual se produz biocombustível, mas sim para obter a fibra. Sendo um

subproduto ele vai agregar valor para o produtor ao criar demanda perto

da região em que é produzido. A sua desvantagem é da produção ser

relativamente baixa (PESSA, 2007).

Em 2007, foram dedicados 15 milhões de hectares à soja e ao algodão

geneticamente modificados, área 30% maior que a da safra anterior. E

esse é só o começo de uma onda que parece ser irreversível. Hoje, o

agronegócio brasileiro depende de eficiência e redução de custos - e os

transgênicos são uma de suas engrenagens fundamentais, pois a

biotecnologia permite fazer mais com menos (STEFANO, 2008).

O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel foi lançado no final

de 2004, onde foi estabelecia a criação de linhas de financiamento

especiais para biodiesel, pois a despeito da disponibilidade de

tecnologia nacional, tal combustível não era produzido até então no

Brasil. Desta maneira, para condicionar o cumprimento da Lei nº

11.095/05, que prevê a adição obrigatória de 2% de biodiesel (B2) ao

diesel a partir de 2008, que passará para 5% (Biodiesel B5) em 2013,

são necessários investimentos em todos os setores da cadeia produtiva

do biodiesel, seja na agricultura, na construção de usinas, na

aquisição de equipamentos e tecnologia, no armazenamento, no transporte

e em pesquisas (ALMEIDA, 2007).

A produção de biodiesel, em 2007, foi de 402 milhões de litros, o que

representou uma mistura média de B1 (1% de biodiesel no diesel). A

produção foi igual ao consumo de biodiesel. A expectativa de produção

de biodiesel para 2008, conforme projeção do Ministério de Minas e

Energia é de pelo menos 1,05 bilhões de litros, sendo 420 milhões de

B2, no 1º semestre, e 630 milhões de litros de B3, no 2º semestre. Cada

1% de biodiesel misturado ao diesel representa um ganho na balança

comercial da ordem de US$ 300 milhões/ano, em virtude da substituição

de diesel importado. Ou seja, com a mistura B3 a economia de divisas

será de aproximadamente US$ 900 milhões (Portal Agronegócio, 2008).

De acordo com o coordenador de Agroenergia, da Secretaria de Produção e

Agroenergia (SPAE), do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Mapa), Frederique Rosa e Abreu, atualmente, 90% da

matéria-prima utilizada no biodiesel são provenientes do óleo de soja,

os outros 10% vêm do algodão, amendoim, palma de dendê, gergelim,

girassol, mamona, canola e sebo ou gordura animal.

O Brasil é o segundo maior produtor de soja no mundo depois dos Estados

Unidos, mas espera-se futuramente estar em primeiro. Além de ser o

sexto maior produtor de algodão e o maior produtor do mundo de

cana-de-açúcar com 6,2 milhões de hectares e aproximadamente usa a

metade da cana-de-açúcar nacional para produzir açúcar e outra metade

para a produção de etanol para biocombustíveis (ISAAA, 2007).

Ph.D Imonulonologia e Microbiologia - ANBio

Bacharel em Ciências Biológicas – ANBio

MSc. Ciências Ambientais e Florestais – ANBio

Contato: secretaria@anbio.org.br

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