Biofortificação de milho

Institutos de pesquisa selecionam variedades de milho com altas concentrações de nutrientes para desenvolver cultivares com maiores teores de ferro, zinco e pró-vitamina A.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Atualmente, cerca de 3 bilhões de pessoas são afetadas pela deficiência de micronutrientes, principalmente mulheres e crianças de regiões da África, Ásia, América Latina e Caribe. As causas atribuídas a essas deficiências estão relacionadas ao baixo acesso das populações aos alimentos ricos em micronutrientes, à presença, em proporções inadequadas, de inibidores e antinutrientes, além da baixa biodisponibilidade dos minerais na dieta.

As principais estratégias que auxiliam o combate às deficiências nutricionais nos países em desenvolvimento são a diversificação da dieta alimentar, a suplementação de vitaminas e minerais para mulheres grávidas e crianças pequenas e a fortificação dos alimentos com esses nutrientes através de tecnologias pós-colheita. Porém, todos estes processos dependem de infra-estruturas de mercado e sistemas de saúde altamente funcionais, que permitam o acesso das populações aos produtos gerados.

O Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e o Instituto de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI) coordenam o programa Harvest Plus de biofortificação de alimentos, uma aliança mundial de instituições de pesquisa e de entidades executoras que se uniram para melhorar e disseminar produtos de qualidade nutricional superior, através do melhoramento genético. A fase inicial do programa contempla seis culturas básicas para a alimentação humana: feijão, mandioca, milho, arroz, batata doce e trigo.

O projeto de biofortificação de milho está sendo conduzido por institutos de pesquisa, principalmente o CIMMYT (Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo) e o IITA (Instituto Internacional de Agricultura Tropical) em parceria com sistemas nacionais de pesquisa e extensão agrícolas (SNPA) na América Latina e África. Variedades de milho com concentrações aumentadas de micronutrientes estão sendo selecionadas a partir do germoplasma existente e desenvolvidas por meio de melhoramento convencional. O objetivo é gerar tecnologias e conhecimentos para o desenvolvimento de cultivares com maiores teores de ferro, zinco e pró-vitamina A nos grãos.

No Brasil, as pesquisas estão sendo realizadas pela Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Agroindústria de Alimentos, UNICAMP, Universidade Federal de Viçosa, dentre outras. Foram avaliados mais de 1000 materiais, entre linhagens e variedades, apresentando variabilidade genética para concentrações de ferro, zinco e pró-vitamina A nos grãos. Os materiais serão selecionados e adaptados à realidade do produtor rural. A obtenção desses cultivares pode auxiliar na redução de anemia, problemas de visão e outros problemas nutricionais em milhões de pessoas. Além do mais, a maior densidade de minerais nos grãos otimiza o desempenho agronômico das culturas, trazendo benefícios diretos para o produtor.

O objetivo a médio e longo prazo é disponibilizar, por meio da extensão e difusão, variedades de milho biofortificadas com alto valor nutricional e agronômico, que sejam úteis para o combate às deficiências nutricionais.

Eng. Agrônoma/M.Sc.Genética e Melhoramento, doutoranda UFV. E-mail: sarariosss@yahoo.com.br

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