Benefícios da TI

A Tecnologia da Informação (TI) é uma importante aliada na gestão eficiente dos empreendimentos de pecuária de corte, como forma de monitoramento do rebanho, adequando a propriedade às expectativas do mercado.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

As alterações no ambiente sócio-econômico e institucional vêm pressionando os empreendimentos rurais a assumirem características empresariais. No caso da pecuária de corte, as ferramentas de gestão administrativas atuam no sentido de intensificar a oferta de um produto de qualidade a preços mais baixos, já que a competição no mercado interno está cada vez mais acirrada.

Uma das ferramentas de gestão administrativa é a Tecnologia da Informação (TI), fonte de melhoria e de produtividade das empresas, por aumentar a velocidade de transmissão de informação diminuindo seu custo (Bowerson & Closs, 1996). No setor rural, a TI começa a ganhar espaço no dia-a-dia do produtor, mudando a maneira como estes administram suas propriedades. Essa tecnologia reúne uma variedade de sistemas e programas computacionais, sistemas de identificação animal, além dos portais de agronegócio existentes na Internet.

A dimensão da TI

Os sistemas de informação são considerados importantes ferramentas no monitoramento de rebanhos bovinos, uma vez que a informação tornou-se, nestes últimos anos, um fator de produção. O rápido desenvolvimento da informática, associado às sensíveis reduções de custos de seus produtos e serviços, aumentou a possibilidade dos computadores ajudarem o produtor rural na organização, armazenamento e processamento de informações. Além disso, a informática constitui uma inovação tecnológica com enorme potencial em aumentar os rendimentos dos recursos produtivos na agropecuária e no suporte à criação de banco de dados para tomada de decisões gerenciais.

Softwares de gestão rural vêm substituindo as cadernetas de campo e produtos como o transponder (microchip) e os brincos com códigos de barras são usados para garantir a qualidade e o controle das informações. Essas informações dizem respeito às características sanitárias, genéticas, nutricionais e de movimentação do rebanho, visando assegurar a participação do produtor nacional no mercado externo. Para isso, o primeiro passo deve ser uma adequada identificação animal, permitindo obter informações corretas acerca do processo de produção.

Os sistemas de identificação tradicionalmente utilizados, apesar de práticos, dificultam a visualização a distância, necessitam de contenção do animal e apresentam problemas na leitura, devido a abrasão dos caracteres, sujeiras e erros de transcrição, além de dois animais poderem apresentar a mesma identificação. Machado (2002) observou que a identificação eletrônica de animais (IEA) também pode ser utilizada como uma ferramenta de gestão, uma vez que as informações e os números obtidos por este sistema colaboram para aprimorar o controle da produção e agilizam as tomadas de decisão.

As razões para a implantação da IEA se baseiam na diversidade de informações, rapidez, confiabilidade, agilidade e segurança dos dados manipulados, maior controle e eficiência administrativa, obtida pelo controle do estoque (inventário) e maior precisão nos dados utilizados para a tomada de decisões (Machado & Nantes, 2003). Entretanto, apesar dos benefícios proporcionados pela TI nos empreendimentos rurais, esta tecnologia ainda encontra resistência à sua implantação, devido ao custo de implantação do sistema e às barreiras culturais oferecidas pelos produtores rurais (Machado et al., 2002).

Barreiras à adoção da TI

A realidade nacional referente à adoção de tecnologias, embora com tendência de crescimento, revela-se bastante incipiente. O número de empreendimentos rurais brasileiros que possuem computador é de 18% (Alves, 2000) e os que acessam à Internet não ultrapassam 4% das propriedades brasileiras (Villela, 2000).

Essa realidade pode ser explicada por dois motivos principais. O primeiro refere-se às dificuldades culturais do produtor rural relacionadas à adoção de novas tecnologias, fato que aliado aos custos de implantação do sistema oferecem uma barreira difícil de ser vencida pelos produtores. O segundo motivo diz respeito à dificuldade de gerar informações com qualidade para alimentar o sistema. Por esse motivo, mudanças na estrutura administrativa e na qualificação da mão-de-obra de campo devem preceder qualquer ação de caráter tecnológico aplicada à produção.

A questão cultural, embora ainda exerça forte influência nas atividades dos produtores, impedindo ou retardando o uso da informática na produção pecuária, encontra cada vez menos resistência dos produtores, que estão mais convencidos da necessidade da tecnologia para o fortalecimento do empreendimento. O avanço da Internet está ajudando a quebrar essas barreiras culturais, vencer distâncias e aproximar o produtor rural da TI. O acesso a portais especializados em agropecuária vem contribuindo para reduzir a distância entre a pesquisa e a produção rural, disponibilizando informações climáticas, estoques disponíveis e cotações de preços, permitindo aos produtores rurais saírem do isolamento físico e tecnológico em que se encontram.

Considerações finais

A informatização da propriedade geralmente precede a implementação de um sistema de IEA e representa o passo inicial para implantação do processo de rastreabilidade. Dados precisos sobre o processo de produção, constituem-se uma exigência do mercado externo e uma necessidade cada vez maior no mercado interno. O uso de softwares específicos à produção apresenta-se como uma ferramenta necessária para se obter um produto de qualidade, além de auxiliar nas atividades rotineiras da propriedade, organizando e disponibilizando rapidamente as informações, tornando mais ágil e eficiente a gestão da propriedade. Os parâmetros controlados por estes softwares, sejam eles nutricionais, sanitários ou genéticos, estão cada vez mais direcionados às necessidades do mercado consumidor.

De um modo geral, a TI contribui para uma gestão mais eficiente do empreendimento, tanto no setor produtivo como nas atividades administrativas. Na produção, os benefícios da IEA são observados pela maior agilidade na coleta e armazenamento de dados, facilitando as atividades cotidianas de campo. Esses benefícios refletem no setor administrativo, tornando as informações mais confiáveis, resultando em tomadas de decisão mais rápidas.

Como conseqüência, possibilita uma maior adequação da produção às exigências de mercado, devido às melhorias na gestão da qualidade, detecção e resolução de problemas ao longo do processo de produção e uma maior coordenação da cadeia produtiva, pela possibilidade de transmissão, de forma eletrônica, dessas informações aos segmentos industrial e varejista.

João Guilherme de C. F. Machado

Doutorando UFSCar

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