A Ressonância (MN) e a carne

A Tomografia por Ressonância Magnética Nuclear tem permitindo realizar estudos para melhorar as formas de manejo e genética do gado com finalidade de agregar valor a esta commodity.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

A Ressonância (Magnética Nuclear) é uma palavra que todos nos já ouvimos em algum momento de nossas vidas. Normalmente a associamos a um exame que é capaz de obter imagens de partes internas de nosso corpo. De forma um pouco mais científica este exame deve ser chamado de Tomografia por Ressonância Magnética Nuclear.

Tomografia, palavra de origem grega, que pode ser traduzida ao pé da letra como “escrita do corte”, ou melhor, “imagem do corte”. Em forma bem resumida ela consiste numa técnica que utiliza campos magnéticos muito intensos e sinais de radiofrequência para mapear o nosso organismo, distingue diferentes tipos de tecidos em função de suas características de rigidez, quantidade de gordura ou água; permite identificar alguns problemas como tumores, desgastes, má formação, entre outros. Outro termo muito utilizado nos corredores hospitalares é a Tomografia que é, normalmente, associada às imagens tomográficas, obtidas com um aparelho de raios-X especial. Ambas as técnicas são tomográficas, são tomografias e ambas fornecem informação sobre o nosso corpo. Então, quando você ouvir “exame de ressonância” ou “tomografia”, ambas são técnicas tomográficas que usam formas diferentes para se obter a imagem interna do corpo.

E a carne como fica nesta história? No mercado internacional, a carne é classificada em função de sua origem, genética animal, região produtora e teor de gordura intramuscular, que recebe a denominação de marmoreio e é ai que entra a tomografia por ressonância magnética nuclear, pois ela permite avaliar a quantidade e a distribuição desta gordura com grande precisão. Embora em fase de pesquisa no Brasil, no exterior esta técnica tem permitindo realizar estudos para melhorar as formas de manejo e genética do gado com finalidade de agregar valor a esta commodity.

O Brasil, que disputa com a Austrália, no mercado internacional, o primeiro lugar nas exportações e possuidor do maior rebanho comercial do mundo não pode ficar de fora deste processo. O produto brasileiro não é bem valorado, apesar de contar com gado de qualidade e criado a pasto, o que melhora sensivelmente o sabor da carne, esta não apresenta marmoreio suficiente para receber a chancela de carne marmorizada e o consequente valor de exportação. Temos muito a fazer para chegar a este patamar de qualidade. Na Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Carlos, está em pleno funcionamento um tomógrafo de ressonância magnética nuclear que tem se mostrado bastante útil no estudo de qualidade de carnes de origem bovina, por permitir analisar com precisão a distribuição do marmoreio. O uso desta informação, em conjunto com dados de manejo e origem genética, deverá fornecer subsídios aos sujeitos desta cadeia produtiva, para adequarem a sua produção as necessidades do mercado, agregando valor ao seu produto.

Rubens Bernardes Filho

Pesquisador

Embrapa Instrumentação Agropecuária

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