A inevitável mecanização da agricultura

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O desemprego é um problema crônico do mundo. Nos diversos cantos da terra, existe falta de oportunidade para parcela da população. Mas é só isso? Por que então os empresários reclamam que faltam pessoas para trabalhar? A resposta é a qualificação profissional. Existe uma competição muito grande no mundo globalizado. O bom funcionário pode trabalhar em qualquer empresa ou país do mundo. Como seu número é restrito, suas oportunidades são maiores. Ele pode escolher o emprego que quiser.

Na agricultura isso também está muito evidente. As grandes fazendas não privilegiam mais o trabalhador rural que tenha só muita disposição. Não adianta mais ser bom na enxada, debaixo do sol escaldante. O funcionário da empresa rural tem que aprender. Rápido. O dinamismo das operações agrícolas exige especialização. O que se faz hoje nas fazendas é totalmente diferente do que se fazia há 30 anos atrás. Ou 20, ou 10 anos. A evolução é decorrente do avanço tecnológico em diversas áreas.

Com a revolução verde, década de 1970 em diante, o mundo viu um grande aumento na produção de alimentos. Existia um pacote tecnológico que previa diversas ações conjuntas, como o uso de sementes melhoradas, correção do solo com adubo, uso de agrotóxicos e início da mecanização. Os tratores passaram a ser usados e em alguns países os agricultores começaram a colher a lavoura com colheitadeiras.

Atualmente, um trator que aplica um corretivo do solo, como adubo ou calcário, possui GPS, ar condicionado, DVD, direção hidráulica e todo conforto para o operador. O sujeito não é mais obrigado a labutar suando sob um sol de 40°. Com a agricultura de precisão, a máquina calcula, inclusive, quanto deve despejar precisamente de adubo. Ou seja, na mesma área, a adubação vai ser feita de acordo com a coordenada geográfica específica. Uma quantidade calculada.

Um pouco mais de adubo aqui, menos ali. Porém esse tipo de tecnologia ainda é para poucos. Uma máquina dessas é muito cara. E operá-la pode ser um problema. A eficiência do investimento vai depender muito do operador. Não dá para o produtor gastar só com a máquina, se não investir também em profissionais qualificados.

Em muitas fazendas, dependendo da época do ano, as operações só são interrompidas devido ao clima. A colheita é feita de dia e de noite, desde que tenha condições favoráveis. Em alguns casos, vai a colheitadeira coletando a safra na frente e um trator plantando a entressafra atrás.

Operações tradicionais na agricultura que demandam muita mão de obra são vistas como grandes geradores de emprego, como a colheita de cana de açúcar. No entanto, é um trabalho de grande dificuldade manual; além dos efeitos nocivos das queimadas, especialmente próximas aos centros urbanos. No médio prazo, essa operação será também mecanizada. Quando essa realidade vier se aproximando, é fundamental que esses cortadores de cana sejam treinados em outra atividade.

As quebradeiras de coco babaçu no Maranhão são organizadas em associações e tem boa participação política. Já conquistaram inclusive o direito de extrair o coco nativo, mesmo que presentes em propriedade privada. O processo de retirada da amêndoa, necessária para a fabricação do óleo, é todo manual. Mas é um processo complicado porque o coco é muito duro e a operação não rende tanto quanto se fosse feito por uma máquina. Entretanto, as máquinas existentes no mercado ainda não são tão eficientes para quebrar o coco. Se isso acontecer, o que será dessas associações? Elas terão que se especializar em outras atividades.

A engenhosidade do homem não tem limite. A tendência principal é evitar trabalhos pesados. Fazer mais com o mínimo esforço físico possível. Em um mundo assim, a solução é usar a cabeça. Quem pensar mais terá mais oportunidades.

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