A cultura do milho e os nematóides causadores de galhas

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O milho durante muito tempo foi considerado uma planta resistente ao parasitismo provocado por nematóides causadores de galhas, tanto que ainda é largamente utilizado na rotação de cultura para controlar infestações em áreas de produção de outras culturas mais susceptíveis. A rotação de cultura é um dos melhores e mais utilizados métodos de controle dos fitonematóides, uma vez que é de baixo custo e não oferece risco de toxidez ao homem e ao ambiente, além de melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do solo, tornando-o mais produtivo (SILVA et al., 2004).

O retorno econômico, a redução da população de fitonematóides e o aporte de material orgânico são as principais características que levam a escolha desta gramínea na rotação de cultura. Lordello (1984) apontou como principais nematóides causadores de danos ao milho os migradores (Pratylenchus brachyurus e Pratylenchus zeae), os anelados (Criconemoides spp.) e os espiralados (Helicotylenchus spp.), não fazendo menção aos fitonematóides formadores de galhas, que até o ano de 1984 praticamente não existiam informações sobre as perdas de produtividade devido o seu parasitismo em plantas de milho.

Segundo Asmus e Andrade (1997), a partir do ano de 1985 estudos realizados no Brasil (TEIXEIRA; MOURA, 1985; LORDELLO et al., 1986) demonstraram que o milho apresenta grau de susceptibilidade distinto, que difere em função da variedade da planta e principalmente do tipo de nematóide presente no campo. A condução de trabalhos visando observar as reações de diferentes cultivares de milho ao ataque de nematóides, especialmente Meloidogyne incognita e M. javanica, revelaram que as reações de diferentes genótipos de milho apresentam grande variabilidade de resposta, que vão desde altamente resistentes a suscetíveis (ASMUS; ANDRADE et al., 1997).

Campos e Rocha (1999) realizaram experimento para verificar a reação de diferentes genótipos de milho ao ataque de nematóides das galhas. Os autores observaram que dos 8 genótipos estudados (DINA-657, DINA-766, DINA-170, HATÃ-1045, HATÃ-1001, FT-5140, CO-9560 e CO-32) todos foram considerados suscetíveis ao M. incognitas e 4 genótipos comportaram-se como resistente ao M. javanica (DINA-657, HATÃ-1045, HATÃ-1001 e FT – 5140). Nos estudos de Moritz et al. (2003) sobre a reação de 30 genótipos de milho as raças 1 e 3 de M. incognita e M. paranaensis, os resultados obtidos mostraram que, para o M. paranaensis, 43,3% dos genótipos de milho foram imunes, 53,3% foram resistentes e apenas um (3,4%) foi suscetível. No entanto, para as raças 1 e 3 de M. incognita os resultados mostraram que os 30 genótipos de milho foram suscetíveis. Tanto esses trabalhos quanto de outros autores (FELLI; MONTEIRO, 1987; LEVY et al., 2009) indicam que o M. incognita é o principal fitoparasita causador de galhas na cultura do milho e que praticamente todas as cultivares são suscetíveis ao seu ataque.

A presença de galhas no sistema radicular das plantas parasitadas é o principal sintoma em qualquer cultura atacada por Meloidogyne spp.. Entretanto, esse sintoma não é obrigatório na interação planta-nematóide (LEVY et al., 2009). De acordo com Lordello et al. (1986), no milho as galhas são pouco visíveis a olho nu, mas os nematóides podem causar danos às plantas e perdas na produção. Segundo Embrapa (2012) as injúrias causadas por nematóides variam com o gênero e a população do nematóide envolvido, condições do solo e a idade da planta de milho.

Os sistemas radiculares parasitados por nematóides são menos eficientes na absorção de água e nutrientes da solução do solo e, por esse motivo, podemos perceber outros sintomas que podem indicar a presença do nematóide nas raízes das plantas tais como crescimento reduzido, sintomas de deficiências minerais, murcha durante os dias quentes com recuperação à noite, espigas pequenas e mal granadas. Esses sintomas dão à cultura do milho uma aparência de irregularidade, podendo aparecer concentrada em pequenas áreas ou em grandes extensões (EMBRAPA, 2012).

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