Competição de apenas um vencedor
Na disputa entre as plantas daninhas e o arroz, a produtividade deve sair na frente
O dia 15 de abril foi estabelecido como o Dia Nacional da Conservação do Solo e essa data foi escolhida justamente por ser o nascimento de Hugh Hammond Bennet, um importante cientista norte-americano, considerado o pai da conservação do solo. Entre os anos de 1920 e 1930, ele conscientizou os Estados Unidos sobre a importância da proteção dos solos e a magnitude da ameaça da erosão. Suas publicações trouxeram luz ao fato de que a existência humana na terra está ligada à formação do solo e que o seu mau uso representa grande risco para nossas atividades econômicas. Seus esforços fizeram com que o Ministério da Agricultura criasse uma assistência técnica especializada para levar informação aos produtores rurais sobre erosão e conservação. Por esse motivo, a sociedade deve refletir sobre a forma que utiliza a terra e assim, viabilize sua manutenção e produza de forma mais sustentável.
A sustentabilidade na cafeicultura tem sido fortalecida por meio de sistemas de produção conservacionistas que minimizam os impactos ao meio ambiente, respeitando os limites dos recursos naturais, como água e solo, que proporcionam condições de trabalho adequadas aos trabalhadores rurais, conforme legislações específicas. Além disso, gera retorno financeiro atrativo aos produtores rurais para produzir e ter condições de continuar a desenvolver a atividade. Os sistemas de produção sustentáveis têm, por fundamento, as Boas Práticas Agrícolas (BPA).
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), as BPAs podem ser definidas como conjunto de princípios, normas e recomendações técnicas aplicadas para a produção, processamento e transporte de alimentos, orientadas a cuidar da saúde humana, proteger o meio ambiente e melhorar as condições dos trabalhadores, produtores e suas famílias. Entre os objetivos das BPAs, podemos citar: aumentar a rentabilidade do produtor rural, com mais produtividade e qualidade da produção, aumentar a confiança do consumidor na qualidade e inocuidade dos produtos, minimizar o impacto ambiental com o uso racional de produtos fitossanitários e dos recursos naturais, adotar procedimentos que garantam a saúde e segurança dos agricultores e realizar ações que promovam a agricultura e o desenvolvimento rural sustentável.
A sustentabilidade não é importante apenas para o Cecafé. É uma área vital para a cadeia de café em todo o mundo. A perspectiva para o futuro é de que para produzir café suficiente para abastecer o globo precisamos empregar práticas sustentáveis no campo. Devemos continuar mudando nossa mentalidade nos negócios e na produção para garantir a continuidade e o desenvolvimento de nosso mercado.
Nesse sentido, o Cecafé atua para promover as boas práticas, incluindo a conservação e manejo do solo. O Programa Produtor Informado, criado pelo Cecafé em 2006, tem como objetivo levar inclusão digital para o meio rural e disseminar a sustentabilidade na cafeicultura. O curso contém 14 aulas, com duração de 2 horas cada, sendo 6 aulas de informática aplicada e 8 aulas de Boas Práticas Agrícolas, que tem como referência e material de apoio o Currículo de Sustentabilidade do Café. O currículo possui dois dos 18 itens que tratam especialmente da questão do manejo e conservação dos solos. O instrutor de cada uma das turmas dedica uma aula inteira para falar sobre o tema. Somado às práticas de campo, outros assuntos relacionados são lecionados, como a irrigação e proteção integrada do cafezal. As ações essenciais para conservação do solo se estendem para os cuidados da propriedade como um todo: preservar vegetação nativa e usar a água de forma racional, entre outros.
Os esforços das instituições de pesquisa, desenvolvimento e inovação, como Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundação Procafé, Instituto Agronômico (IAC), Instituto Capixaba de Pesquisa (Incaper), Assistência Técnica e Extensão Rural, Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café (Ceticaf), entre outras, ao longo dos anos, trazem novas tecnologias e soluções técnicas, somado aos investimentos das empresas e entidades de representação do setor na promoção e implementação de melhorias.
O amplo uso das boas práticas na cafeicultura brasileira fortalece o caminho para que o setor se desenvolva de forma sustentável e, nesse sentido, o manejo e conservação dos solos trazem inúmeros benefícios para toda a sociedade e para as gerações futuras.
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