S-metolacloro

29.05.2025 | 08:08 (UTC -3)

O herbicida S-metolacloro consiste em ferramenta de grande relevância para sistemas produtivos sustentáveis, especialmente em culturas como milho, soja, algodão e cana-de-açúcar.

Nome comum (ISO): S-metolacloro (S-metolachlor)

Nome químico oficial (IUPAC): (2S)-2-cloro-N-(2-etil-6-metilfenil)-N-[(1S)-1-metoxipropan-2-il]acetamida

Fórmula química bruta: C₁₅H₂₂ClNO₂

Número CAS: 87392-12-9

Peso molecular: 283,79 g/mol

Classe química: cloroacetamida

Estrutura molecular e propriedades: S-metolacloro apresenta fórmula molecular C₁₅H₂₂ClNO₂ com peso molecular de 283,79, sendo o enantiômero biologicamente ativo do metolacloro racêmico. A molécula possui quiralidade, com o S-metolacloro comercial sendo uma mistura dos enantiômeros S- e R- numa proporção aproximada de 88:12.

Histórico: a literatura indica que o metolacloro original, a mistura racêmica da qual o S-metolacloro foi posteriormente derivado, teve sua origem na Ciba-Geigy (posteriormente Syngenta). Este herbicida foi inicialmente introduzido no mercado norte-americano e registrado em 1976. Continha, em sua formulação original, uma mistura 1:1 de todos os quatro estereoisômeros. A molécula de S-metolacloro foi descoberta por técnicos da empresa em 1982. Um dos principais impulsionadores para seu desenvolvimento foi a atividade herbicida significativamente maior do par de isômeros S, aproximadamente seis vezes mais ativo contra ervas daninhas do que o par de isômeros R. Essa potência aprimorada traduz-se em benefícios práticos: o S-metolacloro pode alcançar o mesmo nível de controle de ervas daninhas com uma taxa de aplicação menor em comparação com o metolacloro racêmico.

Modo de ação

Mecanismo bioquímico: S-metolacloro atua inibindo a formação de ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFA), sendo ativo no solo e bloqueando o crescimento de raízes e brotos das plântulas. O herbicida interfere especificamente na biossíntese de ácidos graxos com 20 ou mais átomos de carbono, essenciais para a formação de cutícula e membranas celulares.

Alvo bioquímico: seu alvo primário são as enzimas elongases responsáveis pela síntese de VLCFA, particularmente aquelas envolvidas na condensação de acetil-CoA com ácidos graxos de cadeia longa. Os herbicidas inibem várias elongases diferentes, cada uma com funções enzimáticas específicas.

Classificação HRAC:

  • Grupo HRAC: 15 (Inibidores da síntese de ácidos graxos de cadeia muito longa - VLCFA)
  • Local de ação: inibição da elongação de ácidos graxos

Sintomas e tempo de ação

O herbicida é seletivo e absorvido através de raízes e brotos. Os sintomas característicos incluem:

  • Inibição do crescimento radicular e do coleóptilo
  • Falha na emergência das plântulas
  • Redução na deposição de ceras cuticulares
  • Deformações em folhas emergentes (quando há emergência parcial)

O tempo para manifestação dos sintomas varia de 7 a 21 dias após a aplicação, dependendo das condições ambientais e sensibilidade da espécie.

Espécies efetivamente controladas

O metolacloro proporciona controle pré-emergente de muitas gramíneas anuais e diversas plantas daninhas de folhas largas de sementes pequenas.

Gramíneas:

  • Digitaria spp. (capim-colchão)
  • Eleusine indica (capim-pé-de-galinha)
  • Brachiaria plantaginea (capim-marmelada)
  • Panicum maximum (capim-colonião)
  • Cenchrus echinatus (capim-carrapicho)

Folhas largas:

  • Amaranthus spp. (caruru) - populações suscetíveis
  • Portulaca oleracea (beldroega)
  • Galinsoga parviflora (picão-branco)

Espécies parcialmente controladas

  • Ipomoea spp. (corda-de-viola) - controle variável
  • Euphorbia heterophylla (amendoim-bravo) - supressão
  • Sida spp. (guanxuma) - controle parcial

Plantas tolerantes ou resistentes

Seu controle de plantas daninhas perenes é limitado ao tiririca (Cyperus rotundus). Espécies naturalmente tolerantes incluem:

  • Commelina spp. (trapoeraba)
  • Richardia brasiliensis (poaia-branca)
  • Espécies perenes com sistema radicular profundo

Recomendações técnicas de aplicação

Dosagens recomendadas:

  • Dose padrão: 1,0 a 1,5 L/ha (produto comercial)
  • Solos arenosos: 1,0 a 1,2 L/ha
  • Solos argilosos: 1,2 a 1,5 L/ha
  • Situações de alta pressão: até 2,0 L/ha

Momento de aplicação:

  • Modalidade principal: pré-emergência das plantas daninhas
  • Timing ótimo: imediatamente após o plantio ou semeadura
  • Janela de aplicação: até 3 dias após a semeadura da cultura

Condições climáticas ideais:

  • Temperatura: 15°C a 30°C
  • Umidade do solo: solo com umidade adequada (capacidade de campo)
  • Precipitação: 10-20 mm nas 7-10 dias seguintes à aplicação
  • Vento: máximo 10 km/h durante a aplicação

Misturas de produtos

Realizar sempre teste de compatibilidade física antes da aplicação. O S-metolacloro é geralmente compatível com a maioria dos herbicidas pré-emergentes utilizados em culturas de milho e soja.

Herbicidas pré-emergentes:

  • Atrazina (controle ampliado de folhas largas)
  • Glifosato (dessecação + residual)
  • Diclosulam (ampliação do espectro)
  • Flumioxazina (controle de folhas largas)

Herbicidas pós-emergentes:

  • 2,4-D (aplicações sequenciais)
  • Nicosulfuron (aplicações em milho)

Misturas a evitar:

  • Herbicidas altamente alcalinos (pH > 8,0)
  • Produtos à base de cobre em altas concentrações
  • Formulações oleosas incompatíveis

Resistência e manejo de resistência

Até agosto de 2023, 13 espécies de plantas daninhas foram documentadas como resistentes aos inibidores de VLCFA, incluindo 11 monocotiledôneas e duas dicotiledôneas (Amaranthus palmeri e Amaranthus tuberculatus). A resistência tem sido relatada principalmente em:

  • Amaranthus tuberculatus (caruru-gigante)
  • Amaranthus palmeri (caruru-de-palmer)
  • Algumas espécies de Echinochloa

Há várias estratégias de manejo da resistência capazes de minimizar riscos.

Rotação de mecanismos de ação:

  • Alternar com Grupo 2 (inibidores da ALS)
  • Utilizar Grupo 5 (inibidores do fotossistema II)
  • Integrar Grupo 4 (auxinas sintéticas)

Práticas culturais:

  • Rotação de culturas
  • Manejo integrado com práticas mecânicas
  • Uso de culturas de cobertura

Monitoramento:

  • Avaliação regular da eficácia
  • Identificação precoce de falhas de controle
  • Análises de resistência em populações suspeitas

Fatores que afetam a eficácia

Condições climáticas:

  • Seca: reduz significativamente a eficácia
  • Excesso de chuva: pode causar lixiviação em solos arenosos
  • Temperatura: temperaturas baixas (<10°C) reduzem a atividade

Condições edáficas:

  • pH do solo: ótimo entre 6,0 e 7,5
  • Matéria orgânica: altos teores podem reduzir disponibilidade
  • Textura: melhor performance em solos de textura média

Dentre as vantagens do S-metolacloro, pode-se citar: excelente seletividade para culturas principais; longo período residual (60-90 dias); estabilidade em diferentes condições de pH; amplo espectro de controle de gramíneas.

Por outro lado, há limitações: dependência de umidade para ativação; controle limitado de plantas daninhas perenes; necessidade de chuva pós-aplicação; potencial de fitotoxicidade em condições de estresse.

Posicionamento por cultura

Milho:

  • Base do programa herbicida pré-emergente
  • Mistura com atrazina para ampliação do espectro
  • Dose: 1,2-1,5 L/ha em solos médios

Soja:

  • Componente essencial em sistemas de manejo de resistência
  • Combinação com inibidores da ALS ou PPO
  • Dose: 1,0-1,3 L/ha

Algodão:

  • Aplicação pré-emergente com cuidados especiais
  • Monitoramento de fitotoxicidade em condições de estresse
  • Dose: 1,0-1,2 L/ha

Cana-de-açúcar:

  • Aplicação em pré-emergência da cultura e plantas daninhas
  • Excelente opção para cana-planta
  • Dose: 1,5-2,0 L/ha

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