
O metiltetraprole pertence à nova geração de fungicidas chamados inibidores da quinona externa (QoI). Ele tem fórmula química C₁₉H₁₇ClN₆O₂, massa molecular de 396,83 g/mol e baixa solubilidade em água (0,12 mg/L), indicando alta lipofilicidade (Log P de 4,16). É persistente no solo, com tempo de meia-vida (DT₅₀) de até 1000 dias em estudos laboratoriais, e tem baixo potencial de lixiviação.
O metiltetraprole surgiu com uma estrutura química desenvolvida especificamente para superar a resistência causada pela mutação G143A. Esta mutação ocorre no gene do citocromo b, proteína-alvo dos fungicidas QoIs.
A resistência aos QoIs resulta em prejuízos econômicos significativos. A mutação G143A substitui a glicina por alanina na posição 143. Essa mudança gera interferência estérica entre o grupo metil da alanina e o anel central dos QoIs convencionais. Este conflito estrutural reduz a eficácia desses fungicidas.
O desenvolvimento do metiltetraprole considerou esta limitação. A estrutura química inclui um anel central com substituição na posição 3 por um grupamento tetrazolinona. Este grupamento permite manter a eficácia contra as cepas resistentes aos QoIs tradicionais.
Testes laboratoriais mostram que o metiltetraprole age especificamente no sítio Qo do complexo III da cadeia respiratória mitocondrial. O fungicida impede a transferência de elétrons de modo semelhante aos demais QoIs. Entretanto, não sofre impacto negativo da mutação G143A. Ensaios com frações submitocondriais de Zymoseptoria tritici indicam que a ligação do metiltetraprole ao sítio Qo sofre inibição competitiva pela piraclostrobina. Isto confirma o sítio de ação específico.
Experimentos em laboratório e campo comprovam a eficiência do metiltetraprole contra fungos das classes Ascomycota, Basidiomycota e Oomycota. Entre os patógenos controlados destacam-se Zymoseptoria tritici; Pyrenophora teres; Cercospora sojina; e Corynespora cassiicola. O fungicida bloqueia a respiração celular no sítio Qo, causando a morte dos patógenos.
A absorção do metiltetraprole ocorre rapidamente na camada epicuticular das folhas. Apresenta mobilidade limitada no xilema, proporcionando proteção prolongada nos pontos tratados.
Em testes de campo, metiltetraprole mantém a eficácia contra cepas resistentes aos QoIs convencionais. Destaca-se especialmente em áreas com alta incidência da mutação G143A. Por isso, torna-se uma ferramenta útil em programas de manejo integrado. Contribui para a redução da pressão seletiva sobre outros fungicidas.
