
Nome comum (ISO): imidacloprido
Nome químico oficial: 1-(6-chloro-3-pyridylmethyl)-N-nitroimidazolidin-2-ylideneamine
Fórmula química bruta: C₉H₁₀ClN₅O₂
Número CAS: 138261-41-3
Classe química: neonicotinoide
Ano de lançamento e histórico: o imidacloprido foi introduzido no mercado no início dos anos 1990 pela Bayer CropScience - nos anos seguintes seriam ofertados também tiametoxam (thiamethoxam) e clotianidina (clothianidin). O princípio ativo revolucionou o controle de pragas sugadoras, representando o primeiro membro comercialmente bem-sucedido da classe dos neonicotinoides. Sua importância no mercado global de inseticidas cresceu rapidamente.
Modo de ação
Mecanismo bioquímico específico: o imidacloprido atua como agonista do receptor nicotínico de acetilcolina, sendo altamente específico aos receptores de insetos. É um agonista dos receptores nicotínicos pós-sinápticos no sistema nervoso central dos insetos, bloqueando a acetilcolina na membrana pós-sináptica e prejudicando a função nervosa normal.
Grupo IRAC: Grupo 4A (agonistas do receptor nicotínico da acetilcolina - neonicotinoides)
Sintomas característicos: os insetos tratados apresentam excitação inicial seguida de paralisia, tremores, perda de coordenação motora e morte. O produto causa bloqueio irreversível da transmissão nervosa no sistema nervoso central dos insetos.
Tempo para manifestação dos sintomas: os primeiros sintomas aparecem entre 30 minutos a 2 horas após a aplicação, com mortalidade completa ocorrendo entre 24 a 72 horas, dependendo da espécie e dose aplicada.
Espécies controladas com eficiência
- Afídeos (Aphis gossypii, Myzus persicae, Rhopalosiphum maidis)
- Mosca-branca (Bemisia tabaci, Trialeurodes vaporariorum)
- Cigarrinhas (Empoasca spp., Dalbulus maidis)
- Tripes (Thrips palmi, Frankliniella occidentalis)
- Pulgão-da-raiz (Pemphigus spp.)
- Coleópteros de solo (Diabrotica speciosa, Sternechus subsignatus)
- Cupins subterrâneos (Heterotermes tenuis, Coptotermes gestroi)
Espécies parcialmente controladas
- Algumas espécies de lepidópteros em estádios iniciais
- Coleópteros adultos de grande porte
- Percevejos fitófagos (controle limitado)
Espécies tolerantes ou resistentes
- Ácaros (todos os grupos)
- Lepidópteros em estádios avançados
- Dípteros (maioria das espécies)
- Alguns biotipos de afídeos desenvolveram resistência
Recomendações técnicas de aplicação
Doses recomendadas:
- Aplicação foliar: 100-200 g i.a./ha (culturas anuais)
- Tratamento de sementes: 3-7 g i.a./kg de sementes
- Aplicação no sulco: 200-400 g i.a./ha
- Aplicação via irrigação: 150-300 g i.a./ha
Momento ideal da aplicação:
- Aplicação preventiva ou no início da infestação
- Para pragas sugadoras: aplicar quando atingir 10% do nível de dano econômico
- Tratamento de sementes: no momento do plantio
- Via solo: preferencialmente em pré-plantio ou até 30 dias após emergência
Condições climáticas ideais:
- Temperatura entre 15-25°C
- Umidade relativa acima de 60%
- Ausência de ventos fortes (< 10 km/h)
- Evitar aplicações sob alta radiação solar (aplicar preferencialmente no final da tarde)
- Não aplicar com previsão de chuva nas próximas 4 horas
Compatibilidade com outros agroquímicos:
- Compatível com a maioria dos fungicidas sistêmicos
- Compatível com herbicidas pós-emergentes seletivos
- Compatível com adjuvantes não iônicos
- Compatível com fertilizantes foliares de baixa salinidade
Misturas comuns e suas finalidades:
- Imidacloprido + Bifentrina: controle ampliado de pragas (sugadoras + mastigadoras)
- Imidacloprido + Tebuconazol: controle simultâneo de pragas e doenças
- Imidacloprido + Lambda-cialotrina: potencialização do efeito inseticida
Misturas a serem evitadas:
- Produtos altamente alcalinos (pH > 8,5)
- Óleos minerais em altas concentrações
- Fungicidas cúpricos em alta concentração
- Fertilizantes com alta concentração salina
Resistência e manejo de resistência
Casos documentados de resistência: casos confirmados em várias espécies globalmente, incluindo Bemisia tabaci no Brasil, com resistência cruzada entre neonicotinoides. Alguns biotipos de Myzus persicae e Aphis gossypii também desenvolveram tolerância significativa.
Recomendações de rotação:
- Alternar com inseticidas dos grupos IRAC 1A/1B (organofosforados/carbamatos)
- Rotacionar com produtos do grupo 3A (piretroides - com cuidado devido à resistência cruzada)
- Incluir produtos do grupo 5 (espinosinas) e 28 (diamidas)
- Implementar janelas biológicas de 60-90 dias entre aplicações
Estratégias práticas para manejo:
- Limitar o número de aplicações por ciclo (máximo 2-3 aplicações)
- Monitorar constantemente a eficácia biológica
- Adotar controle biológico conservativo
- Implementar refúgio estruturado em culturas GM
- Rotação de culturas para quebrar o ciclo das pragas
Eficácia agronômica e posicionamento estratégico
Condições que afetam a eficácia:
- Chuva: precipitações até 4 horas após aplicação reduzem significativamente a eficácia
- Seca: condições de estresse hídrico podem reduzir a absorção e translocação sistêmica
- Temperatura: temperaturas extremas (< 10°C ou > 35°C) comprometem a atividade biológica
- Umidade: baixa umidade relativa (< 40%) reduz a absorção foliar
Vantagens do princípio ativo: excelente ação sistêmica e translaminar; longo período residual (7-21 dias dependendo da cultura); seletividade a inimigos naturais quando usado adequadamente; versatilidade de aplicação (foliar, solo, sementes); baixa fitotoxicidade na maioria das culturas.
Limitações: espectro restrito (principalmente pragas sugadoras); não controla ácaros; pode favorecer surtos de pragas secundárias.
Posicionamento estratégico por cultura:
Soja: ideal para controle de mosca-branca e percevejos em estádios iniciais. Aplicar preferencialmente via sulco de plantio ou tratamento de sementes para controle inicial, seguido de aplicação foliar se necessário.
Milho: excelente para controle de cigarrinhas transmissoras de viroses e pulgão-da-folha. Tratamento de sementes é a estratégia preferencial, complementado por aplicação foliar em casos de alta pressão.
Algodão: posicionamento estratégico para mosca-branca e pulgão, preferencialmente em aplicações iniciais do programa fitossanitário, rotacionando com outros mecanismos de ação.
Cana-de-açúcar: utilização principal via aplicação no sulco para controle de pragas iniciais como cigarrinha-das-raízes e broca-da-cana em estádios jovens.
Citros: aplicação direcionada para controle de psilídeo vetor do HLB, com atenção especial ao manejo de resistência devido à pressão contínua de uso.