Imidacloprido

29.05.2025 | 10:17 (UTC -3)

Nome comum (ISO): imidacloprido

Nome químico oficial: 1-(6-chloro-3-pyridylmethyl)-N-nitroimidazolidin-2-ylideneamine

Fórmula química bruta: C₉H₁₀ClN₅O₂

Número CAS: 138261-41-3

Classe química: neonicotinoide

Ano de lançamento e histórico: o imidacloprido foi introduzido no mercado no início dos anos 1990 pela Bayer CropScience - nos anos seguintes seriam ofertados também tiametoxam (thiamethoxam) e clotianidina (clothianidin). O princípio ativo revolucionou o controle de pragas sugadoras, representando o primeiro membro comercialmente bem-sucedido da classe dos neonicotinoides. Sua importância no mercado global de inseticidas cresceu rapidamente.

Modo de ação

Mecanismo bioquímico específico: o imidacloprido atua como agonista do receptor nicotínico de acetilcolina, sendo altamente específico aos receptores de insetos. É um agonista dos receptores nicotínicos pós-sinápticos no sistema nervoso central dos insetos, bloqueando a acetilcolina na membrana pós-sináptica e prejudicando a função nervosa normal.

Grupo IRAC: Grupo 4A (agonistas do receptor nicotínico da acetilcolina - neonicotinoides)

Sintomas característicos: os insetos tratados apresentam excitação inicial seguida de paralisia, tremores, perda de coordenação motora e morte. O produto causa bloqueio irreversível da transmissão nervosa no sistema nervoso central dos insetos.

Tempo para manifestação dos sintomas: os primeiros sintomas aparecem entre 30 minutos a 2 horas após a aplicação, com mortalidade completa ocorrendo entre 24 a 72 horas, dependendo da espécie e dose aplicada.

Espécies controladas com eficiência

  • Afídeos (Aphis gossypii, Myzus persicae, Rhopalosiphum maidis)
  • Mosca-branca (Bemisia tabaci, Trialeurodes vaporariorum)
  • Cigarrinhas (Empoasca spp., Dalbulus maidis)
  • Tripes (Thrips palmi, Frankliniella occidentalis)
  • Pulgão-da-raiz (Pemphigus spp.)
  • Coleópteros de solo (Diabrotica speciosa, Sternechus subsignatus)
  • Cupins subterrâneos (Heterotermes tenuis, Coptotermes gestroi)

Espécies parcialmente controladas

  • Algumas espécies de lepidópteros em estádios iniciais
  • Coleópteros adultos de grande porte
  • Percevejos fitófagos (controle limitado)

Espécies tolerantes ou resistentes

  • Ácaros (todos os grupos)
  • Lepidópteros em estádios avançados
  • Dípteros (maioria das espécies)
  • Alguns biotipos de afídeos desenvolveram resistência

Recomendações técnicas de aplicação

Doses recomendadas:

  • Aplicação foliar: 100-200 g i.a./ha (culturas anuais)
  • Tratamento de sementes: 3-7 g i.a./kg de sementes
  • Aplicação no sulco: 200-400 g i.a./ha
  • Aplicação via irrigação: 150-300 g i.a./ha

Momento ideal da aplicação:

  • Aplicação preventiva ou no início da infestação
  • Para pragas sugadoras: aplicar quando atingir 10% do nível de dano econômico
  • Tratamento de sementes: no momento do plantio
  • Via solo: preferencialmente em pré-plantio ou até 30 dias após emergência

Condições climáticas ideais:

  • Temperatura entre 15-25°C
  • Umidade relativa acima de 60%
  • Ausência de ventos fortes (< 10 km/h)
  • Evitar aplicações sob alta radiação solar (aplicar preferencialmente no final da tarde)
  • Não aplicar com previsão de chuva nas próximas 4 horas

Compatibilidade com outros agroquímicos:

  • Compatível com a maioria dos fungicidas sistêmicos
  • Compatível com herbicidas pós-emergentes seletivos
  • Compatível com adjuvantes não iônicos
  • Compatível com fertilizantes foliares de baixa salinidade

Misturas comuns e suas finalidades:

  • Imidacloprido + Bifentrina: controle ampliado de pragas (sugadoras + mastigadoras)
  • Imidacloprido + Tebuconazol: controle simultâneo de pragas e doenças
  • Imidacloprido + Lambda-cialotrina: potencialização do efeito inseticida

Misturas a serem evitadas:

  • Produtos altamente alcalinos (pH > 8,5)
  • Óleos minerais em altas concentrações
  • Fungicidas cúpricos em alta concentração
  • Fertilizantes com alta concentração salina

Resistência e manejo de resistência

Casos documentados de resistência: casos confirmados em várias espécies globalmente, incluindo Bemisia tabaci no Brasil, com resistência cruzada entre neonicotinoides. Alguns biotipos de Myzus persicae e Aphis gossypii também desenvolveram tolerância significativa.

Recomendações de rotação:

  • Alternar com inseticidas dos grupos IRAC 1A/1B (organofosforados/carbamatos)
  • Rotacionar com produtos do grupo 3A (piretroides - com cuidado devido à resistência cruzada)
  • Incluir produtos do grupo 5 (espinosinas) e 28 (diamidas)
  • Implementar janelas biológicas de 60-90 dias entre aplicações

Estratégias práticas para manejo:

  • Limitar o número de aplicações por ciclo (máximo 2-3 aplicações)
  • Monitorar constantemente a eficácia biológica
  • Adotar controle biológico conservativo
  • Implementar refúgio estruturado em culturas GM
  • Rotação de culturas para quebrar o ciclo das pragas

Eficácia agronômica e posicionamento estratégico

Condições que afetam a eficácia:

  • Chuva: precipitações até 4 horas após aplicação reduzem significativamente a eficácia
  • Seca: condições de estresse hídrico podem reduzir a absorção e translocação sistêmica
  • Temperatura: temperaturas extremas (< 10°C ou > 35°C) comprometem a atividade biológica
  • Umidade: baixa umidade relativa (< 40%) reduz a absorção foliar

Vantagens do princípio ativo: excelente ação sistêmica e translaminar; longo período residual (7-21 dias dependendo da cultura); seletividade a inimigos naturais quando usado adequadamente; versatilidade de aplicação (foliar, solo, sementes); baixa fitotoxicidade na maioria das culturas.

Limitações: espectro restrito (principalmente pragas sugadoras); não controla ácaros; pode favorecer surtos de pragas secundárias.

Posicionamento estratégico por cultura:

Soja: ideal para controle de mosca-branca e percevejos em estádios iniciais. Aplicar preferencialmente via sulco de plantio ou tratamento de sementes para controle inicial, seguido de aplicação foliar se necessário.

Milho: excelente para controle de cigarrinhas transmissoras de viroses e pulgão-da-folha. Tratamento de sementes é a estratégia preferencial, complementado por aplicação foliar em casos de alta pressão.

Algodão: posicionamento estratégico para mosca-branca e pulgão, preferencialmente em aplicações iniciais do programa fitossanitário, rotacionando com outros mecanismos de ação.

Cana-de-açúcar: utilização principal via aplicação no sulco para controle de pragas iniciais como cigarrinha-das-raízes e broca-da-cana em estádios jovens.

Citros: aplicação direcionada para controle de psilídeo vetor do HLB, com atenção especial ao manejo de resistência devido à pressão contínua de uso.

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