Euphorbia hirta

14.05.2025 | 10:01 (UTC -3)
<i>Euphorbia hirta</i> - Foto: Davi Rosa Moreira de Freitas
Euphorbia hirta - Foto: Davi Rosa Moreira de Freitas

Euphorbia hirta, conhecida popularmente como pinhão-bravo, erva-de-santa-luzia ou leitosinha, é uma planta herbácea anual pertencente à família Euphorbiaceae, amplamente distribuída em regiões tropicais e subtropicais.

Sua presença é marcante no Brasil, onde se adapta a diversos ecossistemas e práticas agrícolas, tornando-se uma planta daninha de relevância econômica e ecológica.

Taxonomia e identificação

Classificada no reino Plantae, filo Tracheophyta, classe Magnoliopsida e ordem Malpighiales, Euphorbia hirta faz parte do gênero Euphorbia, um dos mais diversos do mundo vegetal, com mais de 2.000 espécies.

Seu nome científico completo é Euphorbia hirta, com sinônimos como Chamaesyce hirta.

Morfologicamente, caracteriza-se como uma erva que pode atingir até 60 cm de altura, com caule ereto ou prostrado, coberto por tricomas amarelados a avermelhados. As folhas são opostas, ovadas a romboides, pubescentes, com base oblíqua e margens serrilhadas, frequentemente com manchas roxas. As flores são pequenas, agrupadas em cimas terminais, e os frutos são cápsulas que liberam sementes minúsculas.

A presença de látex branco leitoso, exsudado ao romper o caule, é uma característica marcante, associada a propriedades tóxicas e defensivas.

Biologia e estratégias de sobrevivência

A biologia de Euphorbia hirta explica seu sucesso como planta daninha. Com ciclo de vida curto (60–90 dias), ela completa sua reprodução rapidamente, produzindo centenas de sementes por planta. Essas sementes germinam em resposta à luz e à umidade superficial, características que favorecem sua emergência em solos perturbados.

Sua reprodução sexuada e autofecundação garantem eficiência reprodutiva, enquanto a dispersão ocorre por mecanismos naturais (autodispersão, vento) e atividades humanas (máquinas agrícolas).

Além disso, adapta-se a solos pobres, arenosos e de baixa fertilidade, graças a um sistema radicular raso e eficiente.

Sua fotossíntese do tipo C₃ é otimizada em climas quentes e úmidos, e estudos sugerem que substâncias alelopáticas liberadas por suas raízes podem inibir o crescimento de outras plantas, reforçando sua competitividade.

Condições ambientais e distribuição

Euphorbia hirta prospera em climas tropicais e subtropicais, especialmente em áreas com temperaturas elevadas (20–35 °C) e precipitação moderada a alta.

Prefere solos bem drenados, de pH ligeiramente ácido a neutro, e requer alta luminosidade, não tolerando sombra densa.

No Brasil, está presente em biomas como Amazônia, Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica, colonizando rapidamente ambientes perturbados, como cultivos agrícolas, pastagens degradadas e bordas de estradas. É particularmente problemática em áreas agrícolas do Centro-Oeste, como Mato Grosso e Goiás, onde compete com culturas como soja e milho.

Sua emergência é favorecida por práticas como o revolvimento do solo e monoculturas, embora sistemas de plantio direto com cobertura vegetal reduzam sua infestação.

Impacto na agricultura

No setor agrícola, Euphorbia hirta compete com culturas como soja, milho, cana-de-açúcar e hortaliças por recursos como água, nutrientes e luz, podendo reduzir significativamente a produtividade.

Embora dados específicos para o Brasil sejam escassos, estudos indicam que espécies do gênero Euphorbia podem causar perdas de produtividade de 4-85% em culturas agrícolas, dependendo da densidade e do período de competição, que ocorre principalmente entre 17 e 70 dias após a emergência.

Sua capacidade de adaptação e produção de sementes viáveis por longos períodos dificulta o controle, especialmente em áreas com uso repetitivo de herbicidas, aumentando o risco de resistência.

Evidências sugerem que a planta não é um hospedeiro significativo de pragas como nematoides ou vírus, mas pode ser afetada por ácaros ou cochonilhas em casos raros.

Em sistemas agroecológicos, pode ter papel positivo como fonte de néctar para polinizadores ou componente de cobertura vegetal temporária, desde que manejada estrategicamente.

Potencial medicinal e riscos

Apesar de sua reputação como planta daninha, Euphorbia hirta possui registros de uso tradicional na medicina popular, graças a compostos bioativos como alcaloides, flavonoides e terpenoides.

No Brasil, é utilizada em remédios caseiros para tratar problemas respiratórios, como asma e bronquite. Nas Filipinas, conhecida como "tawa-tawa", é consumida como chá para tratar febres, incluindo dengue e malária. Na Índia, é usada para diarreia e disenteria.

Estudos científicos, como os publicados em ScienceDirect e PMC, confirmam suas propriedades anti-inflamatória, antimicrobiana e antiespasmódica, mas destacam a necessidade de cautela devido ao látex irritante, que pode causar reações na pele e mucosas, e à potencial toxicidade em altas doses.

Manejo integrado

O controle eficaz de Euphorbia hirta depende de abordagens integradas, considerando sua biologia e condições de desenvolvimento. Medidas recomendadas incluem:

  • Rotação de culturas para quebrar seu ciclo.
  • Controle químico com herbicidas pré e pós-emergentes, alternando mecanismos de ação para evitar resistência.
  • Práticas culturais, como plantio direto e cobertura do solo.
  • Capina mecânica ou manual em pequenas propriedades.
  • Monitoramento constante para detecção precoce.

Clique aqui e veja quais herbicidas estão registrados para o controle de Euphorbia hirta (pinhão-bravo, erva-de-santa-luzia ou leitosinha)

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