
Doru luteipes, conhecido popularmente como tesourinha, tesourinha-verde ou forficulídeo-verde, é um inseto predador pertencente à ordem Dermaptera e à família Forficulidae.
Em inglês, popularmente conhecido como: green earwig e predatory earwig.
Em espanhol, popularmente conhecido como: tijereta verde, forficula verde ou tijereta depredadora.
Taxonomia
A classificação taxonômica de Doru luteipes:
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Dermaptera
Família: Forficulidae
Gênero: Doru
Espécie: Doru luteipes
A espécie foi descrita pela primeira vez por Johann Christian Megerle von Mühlfeld em 1810.
O gênero Doru reúne diversas espécies neotropicais.
A taxonomia da ordem Dermaptera tem sido revisada ao longo dos anos, com avanços em estudos moleculares ajudando a esclarecer as relações filogenéticas entre as espécies.
Biologia
Doru luteipes é um inseto hemimetábolo: passa por desenvolvimento incompleto, com estágios de ninfa que se assemelham aos adultos, mas sem asas funcionais. O ciclo de vida pode ser dividido em três fases principais: ovo, ninfa e adulto.
- Ovo: as fêmeas depositam seus ovos em locais protegidos, como no solo ou em folhas. Os ovos são alongados e possuem uma textura rígida, oferecendo proteção contra condições adversas e predadores. Após a postura, as fêmeas abandonam os ovos, sem demonstrar cuidado parental prolongado.
- Ninfa: após a eclosão, as ninfas emergem com uma aparência semelhante à dos adultos, mas são menores e não possuem asas funcionais. Elas passam por várias mudas (geralmente quatro a cinco ínstares) antes de atingir a fase adulta. Durante esse período, alimentam-se ativamente de pequenos artrópodes, contribuindo para o controle natural de pragas.
- Adulto: os adultos apresentam cerca de 15 a 20 mm de comprimento, com um corpo esguio e alongado. Sua coloração varia entre verde-escura e marrom-oliva, o que os ajuda a se camuflar no ambiente. Embora tenham asas, raramente utilizam o voo como forma de locomoção, preferindo mover-se entre plantas por escalada.
O comportamento predatório de Doru luteipes é altamente especializado. Seus cercos abdominais, característicos da ordem Dermaptera, desempenham um papel crucial na captura de presas, além de serem usados para defesa e comunicação.
Essa espécie é predominantemente noturna, exibindo maior atividade durante a noite, quando caça pequenos artrópodes como pulgões, larvas de lepidópteros, ácaros fitófagos e ovos de insetos herbívoros.
A reprodução envolve um comportamento relativamente simples. Os machos utilizam seus cercos abdominais para segurar as fêmeas durante a cópula. Após a fecundação, as fêmeas depositam os ovos em locais protegidos, garantindo a sobrevivência das ninfas recém-eclodidas.
Ecologia e características
Doru luteipes prefere habitats tropicais e subtropicais, onde pode ser encontrado em áreas agrícolas, florestas e jardins. Sua coloração verde camufla-o perfeitamente entre folhagens, facilitando sua predação de insetos herbívoros.
Essa espécie é altamente adaptável a diferentes condições ambientais, especialmente em regiões com temperaturas amenas a quentes (entre 20°C e 30°C) e alta umidade.
Além de sua função como predador, Doru luteipes interage com outros organismos de maneiras variadas.
Pode competir com outros predadores generalistas, como joaninhas e crisopídeos, por recursos alimentares. No entanto, sua dieta diversificada reduz o impacto negativo dessas interações.
Apesar de sua resistência natural, pode ser afetado por parasitas e patógenos, como fungos entomopatogênicos.
Usos agrícolas
Devido à sua habilidade de predação eficiente, Doru luteipes tem sido reconhecido como um agente valioso no manejo integrado de pragas (MIP). Em sistemas agrícolas, essa espécie contribui significativamente para o controle de populações de insetos herbívoros que causam danos às culturas. Entre suas principais presas estão:
- Pulgões (Aphididae)
- Larvas de lepidópteros (Lepidoptera)
- Ácaros fitófagos
Estudos têm demonstrado que a introdução de Doru luteipes em cultivos de milho, algodão e hortaliças pode reduzir significativamente o uso de pesticidas químicos.
Além disso, sua adaptação a diferentes condições ambientais e sua capacidade de reprodução rápida tornam-a espécie promissora para programas de controle biológico.