Digitaria insularis

19.03.2025 | 17:10 (UTC -3)
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Digitaria insularis (capim-amargoso) pertence à família Poaceae (gramíneas). Nativa da América tropical e subtropical, essa espécie pode ser encontrada em diversas regiões agrícolas do mundo, tornando-se uma das principais plantas daninhas em sistemas agrícolas. Sua alta adaptabilidade, competitividade e resistência a herbicidas a posicionam como um desafio significativo para agricultores e pesquisadores.

Classificação taxonômica e características

  • Reino: Plantae
  • Filo: Tracheophyta
  • Classe: Liliopsida (ou Monocotyledoneae)
  • Ordem: Poales
  • Família: Poaceae (ou Gramineae)
  • Gênero: Digitaria
  • Espécie: Digitaria insularis

O gênero Digitaria engloba cerca de 250 espécies de gramíneas, amplamente distribuídas em regiões tropicais, subtropicais e temperadas.

Digitaria insularis apresenta características morfológicas marcantes, como caules eretos ou semi-eretos, folhas longas e estreitas com margens serrilhadas, e inflorescências digitiformes (em formato de dedos). Essas características contribuem para sua identificação e distinção de outras espécies do mesmo gênero.

Além disso, a planta possui um sistema radicular fibroso e profundo, que lhe confere uma alta capacidade de absorção de água e nutrientes.

Suas sementes pequenas e numerosas facilitam sua dispersão pelo vento, água, animais e máquinas agrícolas, o que explica sua ampla distribuição geográfica.

Essas características estruturais fazem da Digitaria insularis uma planta altamente adaptável e competitiva em diferentes ambientes.

Para identificar Digitaria insularis corretamente, algumas características morfológicas específicas são úteis:

  • Inflorescência: panículas digitiformes (em formato de dedos), com rácemos finos e compridos.
  • Sementes: pequenas, fusiformes e numerosas, com coloração variando entre marrom claro e escuro.
  • Folhas: longas, estreitas e ásperas, com margens serrilhadas.
  • Hábito de crescimento: planta herbácea perene, com caules eretos ou semi-eretos.

Biologia e ciclo de vida

A biologia da Digitaria insularis revela uma planta herbácea perene com crescimento rápido e vigoroso.

Seu ciclo de vida começa com a germinação das sementes, que ocorre rapidamente sob condições favoráveis, especialmente em temperaturas entre 20°C e 35°C.

Após a germinação, a planta entra em fase vegetativa, caracterizada pelo desenvolvimento acelerado de folhas e raízes.

O metabolismo fotossintético do tipo C4, eficiente em condições de alta temperatura e intensidade luminosa, permite que a planta minimize a perda de água por transpiração, conferindo-lhe vantagem competitiva em climas tropicais e subtropicais.

A reprodução do capim-amargoso ocorre principalmente por via sexuada, através da produção de sementes. Uma única planta pode produzir até 100.000 sementes, que são facilmente dispersas pelo vento, água ou animais.

Sob condições adversas, a planta também pode propagar-se vegetativamente, especialmente em áreas úmidas, onde fragmentos de caules podem enraizar e originar novas plantas. Essa alta produtividade de sementes e capacidade de propagação vegetativa garantem sua perpetuação mesmo em condições desfavoráveis.

Etiologia e proliferação

A etiologia de Digitaria insularis está diretamente ligada aos fatores biológicos, ambientais e antropogênicos que favorecem sua disseminação. Do ponto de vista biológico, a planta possui características genéticas que a tornam altamente adaptável a diferentes condições ambientais.

Além disso, populações de capim-amargoso desenvolveram resistência a diversos herbicidas, especialmente aos inibidores de ALS (acetolactato sintase) e glyphosate. Essa resistência é resultado da pressão seletiva exercida pelo uso repetitivo e exclusivo de herbicidas com o mesmo modo de ação, favorecendo a seleção de biótipos resistentes.

Fatores ambientais, como clima favorável e adaptação a solos pobres em nutrientes, também contribuem para sua proliferação. A planta prospera em regiões tropicais e subtropicais, onde as condições climáticas são ideais para seu crescimento.

Por fim, práticas agrícolas inadequadas, como o uso excessivo de herbicidas e a falta de rotação de culturas, exacerbam sua expansão. A movimentação de máquinas agrícolas contaminadas com sementes também desempenha um papel crucial na disseminação da planta entre áreas agrícolas.

Alelopatia e competição

Digitaria insularis exerce um impacto negativo significativo sobre cultivos agrícolas e ecossistemas naturais por meio de sua alelopatia. A alelopatia é um fenômeno no qual uma planta libera substâncias químicas no ambiente que afetam o crescimento, desenvolvimento ou reprodução de outras plantas.

No caso do capim-amargoso, essas substâncias são liberadas principalmente pelas raízes, folhas e resíduos vegetais em decomposição.

Os efeitos alelopáticos da Digitaria insularis incluem a inibição do crescimento radicular, redução da germinação de sementes e impacto negativo na fotossíntese de plantas vizinhas.

Substâncias como fenólicos, terpenoides, alcaloides e ácidos orgânicos podem interferir nos processos bioquímicos das plantas competidoras, limitando sua capacidade de absorver água e nutrientes.

Esses efeitos amplificam a competitividade do capim-amargoso, tornando-o ainda mais difícil de controlar em sistemas agrícolas.

Controle e manejo integrado

O controle eficaz do capim-amargoso exige abordagem integrada que combine diferentes estratégias. O controle preventivo inclui o monitoramento de áreas infestadas e a prevenção da dispersão de sementes por meio da limpeza de máquinas agrícolas e implementos.

Práticas culturais, como a rotação de culturas e o uso de coberturas vegetais, ajudam a suprimir a emergência da planta, enquanto o aumento da densidade de plantio das culturas comerciais reduz o espaço disponível para seu crescimento.

O controle mecânico envolve a remoção manual ou o uso de equipamentos para cortar as plantas ao nível do solo. A aragem profunda pode ser utilizada para enterrar as sementes, dificultando sua germinação. No entanto, essa prática deve ser realizada com cautela, pois pode trazer sementes dormentes à superfície em operações subsequentes.

O controle químico é amplamente utilizado, mas a resistência a herbicidas torna necessário o uso de formulações com múltiplos modos de ação. Herbicidas pré-emergentes, como S-metolachlor e pendimethalin, inibem a germinação das sementes, enquanto herbicidas pós-emergentes, como clethodim e glufosinato de amônio, controlam plantas já emergidas. (clique aqui para ver os herbicidas registrados para o controle de capim-amargoso)

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