Beauveria bassiana

12.03.2025 | 08:42 (UTC -3)
Foto: Alan Rockefeller
Foto: Alan Rockefeller

Beauveria bassiana, conhecido popularmente como fungo branco ou fungo verde, é um microrganismo utilizado no controle biológico de pragas agrícolas.

A espécie é uma das mais estudadas e aplicadas em programas de manejo integrado de pragas.

Biologia

Beauveria bassiana consiste em fungo ascomiceto entomopatogênico. Ou seja, possui a capacidade de infectar e matar insetos. É encontrado naturalmente no solo, em restos vegetais e em ambientes onde há grande concentração de insetos. Produz esporos altamente resistentes às condições ambientais adversas, permitindo sua sobrevivência por longos períodos.

Sua classificação taxonômica:

  • Reino: Fungi
  • Filo: Ascomycota
  • Classe: Sordariomycetes
  • Ordem: Hypocreales
  • Família: Cordycipitaceae
  • Gênero: Beauveria
  • Espécie: Beauveria bassiana

O fungo pertence ao grupo dos ascomicetos, caracterizados pela produção de estruturas reprodutivas chamadas ascosporos. No entanto, na maioria das aplicações práticas, a forma anamórfica (assexuada) do fungo, que produz conídios, é a mais relevante.

A estrutura básica de Beauveria bassiana:

  • Conídios: estruturas reprodutivas assexuadas do fungo, responsáveis pela disseminação e infecção de novos hospedeiros. São esporos unicelulares, geralmente de formato alongado ou elipsoidal. Apresentam parede resistente que os protege contra condições adversas.
  • Micélio: após a germinação dos conídios, o fungo desenvolve um micélio, composto por hifas ramificadas. O micélio coloniza o corpo do inseto durante a fase de infecção.
  • Ascosporos: na forma sexuada (teleomorfa), o fungo pode formar corpos frutíferos (ascocarpos) que contêm ascosporos. Raramente se observa essa fase em condições naturais.

Em termos de ciclo de vida, a literatura científica aponta o seguinte em relação a Beauveria bassiana:

  • Produção de conídios: o fungo produz conídios que permanecem viáveis no ambiente por longos períodos, aguardando condições favoráveis para infectar um hospedeiro.
  • Adesão aos insetos : quando os conídios entram em contato com a cutícula de um inseto, eles aderem à superfície graças a substâncias adesivas presentes na parede celular dos esporos.
  • Germinação e penetração: sob condições adequadas de umidade e temperatura, os conídios germinam e formam hifas que secretam enzimas como quitinases e proteases. Essas enzimas degradam a cutícula do inseto, permitindo a penetração do fungo.
  • Colonização interna: uma vez dentro do corpo do inseto, o fungo se multiplica rapidamente, colonizando os tecidos internos e competindo por nutrientes. Durante esse processo, o fungo também produz toxinas que enfraquecem o sistema imunológico do hospedeiro.
  • Morte do inseto: a colonização intensa leva à morte do inseto, geralmente em poucos dias. Esse fenômeno é conhecido como "morte branca", devido à aparência característica do cadáver coberto por micélio.
  • Emergência de novos conídios: após a morte do inseto, o fungo emerge externamente, formando uma camada densa de micélio branco que eventualmente se torna verde-esverdeada à medida que novos conídios são produzidos. Esses conídios são liberados no ambiente, reiniciando o ciclo.

Beauveria bassiana é amplamente distribuído em solos, restos vegetais e ambientes agrícolas. Pode ser encontrado em praticamente todos os continentes, exceto nas regiões polares.

Seus requisitos de crescimento:

  • Temperatura: cresce melhor em temperaturas entre 20°C e 30°C, embora algumas cepas possam tolerar faixas mais amplas.
  • Umidade: alta umidade relativa (acima de 90%) é essencial para a germinação dos conídios e infecção dos insetos.
  • pH: o fungo prefere ambientes com pH neutro a ligeiramente ácido.

Etiologia e características

O mecanismo de ação de Beauveria bassiana envolve a produção de enzimas proteolíticas e a liberação de toxinas que enfraquecem o sistema imunológico do inseto. Quando os esporos entram em contato com o corpo do hospedeiro, eles germinam e penetram na cutícula, colonizando internamente os tecidos do inseto. Esse processo leva à morte do hospedeiro em poucos dias.

Após a morte do inseto, o fungo emerge externamente, cobrindo o cadáver com uma camada de micélio branco característico, que posteriormente se torna esverdeado devido à produção de novos conídios. Essa fase final é crucial para a disseminação do fungo no ambiente.

Uso para controle de insetos

Utiliza-se amplamente Beauveria bassiana como agente de controle biológico contra diversas pragas agrícolas e florestais.

Entre os principais insetos-alvo estão:

  • Lagartas: Spodoptera frugiperda e Helicoverpa armigera são sensíveis ao fungo.
  • Besouros: espécies como Diabrotica speciosa (vaquinha) e Hypothenemus hampei (broca-do-café) são controladas com sucesso.
  • Percevejos: o fungo é eficaz contra percevejos como Euschistus heros.
  • Formigas cortadeiras: Atta spp. e Acromyrmex spp. também são alvos potenciais.

É considerado seguro para humanos, animais não-alvo e polinizadores. Sua aplicação pode ser feita através de pulverização foliar, tratamento de sementes ou incorporação ao solo.

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