Test Drive Steiger 550 da Case IH

O Steiger 550 da Case IH é um dos tratores mais potentes em utilização no Brasil atualmente. A combinação de seu motor de 558cv de potência com chassi articulado faz deste trator um verdadeiro gigante, capaz de tra

26.03.2018 | 20:59 (UTC -3)

O Steiger 550 da Case IH é um dos tratores mais potentes em utilização no Brasil atualmente. A combinação de seu motor de 558cv de potência com chassi articulado faz deste trator um verdadeiro gigante, capaz de tracionar implementos de qualquer tamanho

Testar um dos maiores tratores brasileiros da atualidade não poderia mesmo ser fácil. A equipe da Revista Cultivar Máquinas e da Universidade Federal de Santa Maria percorreu mais de 5.400km, via aérea e terrestre, e mais um trecho de estrada de chão de 60 quilômetros para chegar no interior do município de Comodoro, no Mato Grosso, onde o gigante articulado Steiger 550 estava trabalhando no plantio de milho safrinha.

O trator Case IH Steiger 550 que testamos faz parte de uma linha, formada por sete modelos, que a marca oferece para os grandes projetos agrícolas e para atender grandes demandas de equipamentos de maior porte. Os modelos que compõem a linha são todos denominados Steiger, com potência nominal de 375cv (modelo 370), 426cv (modelo 420), 477cv (modelo 470), e o modelo 550, com 558cv, que testamos para este número da revista. Estão sendo lançados, ainda este ano, mais três modelos, Steiger 500, 540 e 620, e o 550 se transformará em Steiger 580. Desta forma, o portfólio da Case para a linha Steiger passará de quatro para sete integrantes no Brasil com o lançamento dos modelos 540 e 580. Este modelo, atualmente 550 e no futuro 580, atende a Norma Tier 4B de emissões, o que supera a exigência da normativa brasileira Proconve MAR-I, da mesma forma como no futuro modelo 620 que será lançado. Os menores atendem à exigência brasileira, pois até no modelo 470, o atendimento no exterior é para a normativa Tier 4. Ressalta-se que nos tratores Steiger não é necessária a regeneração ativa dos filtros de partículas, como nos casos de outras marcas e modelos.
A série Steiger é produzida nos Estados Unidos, na fábrica que a Case IH mantém no estado norte-americano da Dakota do Norte, na cidade de Fargo, no Condado de Cass. Desde que estes tratores foram trazidos ao Brasil, eles causaram bastante expectativa e, em 2017, dos 45 tratores comercializados no país, nesta faixa de potência, 30 foram da Case IH e o restante distribuído em outras duas marcas. A expectativa é de que em 2018 sejam vendidos 60 tratores.
Todos os tratores da série Steiger são 4x4 integral, com articulação central do chassi. Com o aumento da potência dos tratores, a estrutura de trator tipo 4x2 com tração dianteira auxiliar chegou ao seu limite. Não é mais possível transmitir toda a potência e o torque dos motores com uma estrutura que não seja integral, com rodas isodiamétricas e distribuição de peso igual entre os eixos. Assim, para esta faixa de potência há que se considerar apenas este tipo construtivo, sob pena de não alcançar alta eficiência em tração. Na linha, distinguem-se facilmente duas estruturas, a primeira denominada de chassi curto (inclui os modelos 370, 420, 470) e a outra, o chassi largo, que inclui os modelos 500, 540, 580 e 620.

TESTE
Para o teste que queríamos fazer, com alta exigência de tração, o concessionário e o produtor agrícola nos ofereceram para utilizar o conjunto mecanizado formado pelo trator e por uma semeadora Case IH 3236 Easy Riser de 36 linhas. Na verdade, é um conjunto de duas máquinas de semeadura de 18 linhas acopladas em tandem. Na versão que testamos, ela estava equipada com sulcador de adubo do tipo disco duplo, em que o consumo estimado de potência é de 8cv/linha a 7cv/linha quando só se utiliza como semeadora, sem a colocação de adubo. Nas outras áreas de produção que o produtor mantém em Campos de Júlio, onde utiliza sulcador de facão, a exigência estimada é de 13cv/linha. 
Neste caso, foi fácil comprovar uma verdade que é conhecida pelos usuários, em que se estabelece uma grande diferença entre os tratores articulados e os tratores com tração dianteira auxiliar. Como a semeadora passou a ser um dos equipamentos mais importantes e utilizados, se afirma que nos tratores de tração integral o limitante para a execução de um sistema eficiente é a semeadora, enquanto que nos tratores de tração dianteira auxiliar (TDA) o limite é o próprio trator.
A informação coletada durante o teste era de um consumo volumétrico de 45 litros por hora, o que, pela capacidade de campo operacional do trator, representa um consumo de apenas quatro litros de diesel por hectare. As informações do operador indicavam que este consumo aumenta para 60 a 70 litros por hora nas outras áreas em que utiliza o sulcador fixo, do tipo botinha.
Pela reduzida velocidade de deslocamento que praticamos durante o teste, entre 6km/h e 6,1km/h, e a configuração da máquina, com sulcadores de disco para adubo e semente, o patinamento foi extremamente reduzido, ao redor de 1%, o que demonstrava que a demanda poderia ser aumentada, pelo acréscimo de linhas de semeadura, aumento de velocidade e diminuição do peso total do trator. No entanto, durante o teste, mantivemos as condições operacionais desta área, que por sua vez repetiam a configuração utilizada nas demais áreas em que se utilizava este trator, onde é utilizado sulcador de adubo fixo, tipo botinha.
Embora o fabricante recomende que a carga do motor deva ficar entre 80% e 100%, pela reduzida velocidade em que conduzimos os testes ela situava-se entre 45% e 50%. 
Na operação, mesmo para quem apenas estava conhecendo o funcionamento do trator, a simplicidade é a marca. Para a colocação em funcionamento, deve-se apenas dar um toque no pedal da embreagem, mover a posição do inversor do neutro à posição à frente e acelerar o movimento com o uso do comando multifunção. Para acionar o piloto automático há três maneiras simples: através de um interruptor no console, outro no comando multifunção e, ainda, usar a tela sensível ao toque no monitor lateral. Para colocar o equipamento em trabalho, deve-se apenas abaixá-lo usando um pequeno interruptor ao alcance do dedo polegar. No final do trajeto para realizar a manobra, pode-se repetir todos estes movimentos ao contrário ou apenas usar o recurso de programação de manobra.

O motor e a caixa de marchas estão ligados a este chassi por meio de coxins
O motor e a caixa de marchas estão ligados a este chassi por meio de coxins

CHASSI
Um dos diferenciais deste trator é o uso de um chassi estrutural, feito em chapa metálica cortada e moldada. É uma estrutura robusta, porém o trator modifica a direção de deslocamento por articulação do chassi, onde todos os componentes estão colocados de forma independente. O motor e a caixa de marchas estão ligados a este chassi por meio de coxins de borracha que amortecem os ruídos e as vibrações, trazendo conforto ao operador, menor desgaste de componentes e uma maior facilidade de manutenção, quando estes componentes necessitarem ser retirados. Como finalização do chassi, formando um conjunto estrutural, o fabricante montou um suporte frontal (bumper), de ferro fundido, onde são presos os pesos dianteiros e todos os componentes frontais do motor.

MOTOR
O motor que equipa este modelo é o FPT Cursor 13, com seis cilindros, 24 válvulas e 12,9 litros de volume total, o que proporciona 558cv de potência nominal, podendo chegar de maneira instantânea até 614cv, com a ação do Power Boost, que serve para vencer sobrecargas decorrentes do trabalho. Com isto, aquelas sobrecargas decorrentes da operação, como picos de fluxo hidráulico, esforço instantâneo na TDP e obstáculos do terreno, podem ser vencidas sem que a rotação do motor caia e a velocidade de deslocamento seja afetada.
O torque máximo deste motor com injeção eletrônica é de 2.540Nm a 1.400rpm. Particularmente neste modelo a aspiração é feita com o auxílio de dois turbocompressores que atuam em dois estágios, o primeiro para reagir em situações de baixas rotações e o segundo para altas rotações.
Para o arrefecimento de todos os fluidos, o projeto contemplou uma série de radiadores, sendo que à frente estão colocados os trocadores de calor do condicionador de ar (em cima) e do óleo da transmissão (abaixo). Atrás destes encontram-se os trocadores de calor da água do motor em uma das partes e do intercooler na outra. Mais atrás, ainda uma novidade, necessária neste tipo de trator, que é o trocador de calor do combustível, que faz como que o diesel que retorna quente do motor seja resfriado antes de retornar ao tanque.
Para o acesso ao motor foi previsto um amplo capô basculante, que expõe todos os componentes do motor para manutenções periódicas e corretivas. Na parte frontal deste capô, o projeto previu uma extensa área vazada para troca de calor.
Como este trator é fabricado para o mercado dos Estados Unidos, tem previsão de atendimento de normativas norte-americanas de restrição à poluição. O sistema de catalisador é o SCR light, que utiliza a ureia como substância catalisadora. O padrão atendido é o Tier 4B, ao qual a exigência brasileira contida no padrão Proconve MAR-I também é satisfeita.
A experiência da empresa neste período de utilização deste modelo no País é de que o consumo de Arla fique em torno de 1% a 3%, na maioria dos casos em 2,1%. O fabricante acredita que o custo da substância catalisadora compense a perda de potência provocada nos outros sistemas que não utilizam ureia fazendo reaproveitamento de gases do escape.
Para alimentar este motor e ainda assim manter autonomia para jornadas extensas de trabalho, como as que se praticam nas grandes áreas de produção, como esta que visitamos, foi disponibilizado um depósito de combustível de 1.760 litros. 

TRANSMISSÃO
O Steiger 550 utiliza uma transmissão full powershift, com 16 marchas à frente e duas à ré, com acionamento automático e velocidade máxima de 40km/h. A velocidade mínima depende da sensibilidade de movimentação da alavanca multifunção, podendo ser próxima a zero. Um sistema inteligente, denominado APM (Gerenciamento Automático de Produtividade) pelo fabricante, gerencia a transmissão ajustando a rotação do motor e selecionando a marcha de trabalho em função da velocidade pré-fixada pelo operador na configuração que ele estabelece. Dentro da gestão do APM podem ser escolhidos três modos. O primeiro é para tráfego em deslocamento e transporte (Estrada), o segundo é o modo Campo, para operações agrícolas, com gerenciamento manual pelo operador, e o terceiro, inteligente, integra informações de sensores e estabelece a rotação e a marcha em função da velocidade.
A caixa de velocidades é composta de um conjunto de engrenagens e pacotes de embreagens hidráulicas. A troca de marchas se dá pela seleção dos pacotes de embreagens que estão sendo utilizados, portanto não há solavancos nem trancos quando se faz a seleção, por mais que esta seja abrupta. Na prática, o câmbio é sequencial, com o acionamento através de um comando multifunção, o qual proporciona que a velocidade à frente se incremente através de uma simples movimentação da alavanca neste sentido. O sentido do movimento é feito com o deslocamento de uma pequena alavanca posicionada próxima ao volante e acionada pela mão esquerda do operador, que tem a possibilidade de colocá-la em posição neutra, à frente ou à ré. É um tipo de inversor de movimento.

Todos os modelos da série têm bomba hidráulica de alta vazão 428 litros por minuto
Todos os modelos da série têm bomba hidráulica de alta vazão 428 litros por minuto

SISTEMA HIDRÁULICO
Todos os modelos da série têm bomba hidráulica de alta vazão 428 litros por minuto para atender as diferentes necessidades dos clientes. O controle remoto de implementos tem de série seis válvulas de controle remoto (VCRs), todas com controle eletrônico e a possibilidade de comandar automaticamente a pressão e a vazão, quando os implementos demandarem com linha de sinal direto. Os tratores para o Brasil são equipados com TDP, que embora não tenha uso muito frequente em uma classe de alta potência, como é

o caso desta linha Steiger, pode ser usada em vagões, em culturas que usam esta operação de transporte.

RODADOS E PESOS
Como este trator é de tração integral, possui dois eixos móveis sobre o chassi. A inserção das rodas se dá por meio de um flange, aparafusado no eixo passante, que permite a alteração de bitola.
Toda a linha Steiger tem o mesmo pacote de pesos, mas que pode ser configurado para cada modelo e situação. Na dianteira do trator, os pesos são colocados nas laterais do suporte dianteiro. São 22 pesos frontais laterais, 11 de cada lado, cada um com 45kg, mais o peso do bumper. Nos rodados, podem ser colocados dois contrapesos por roda, sendo um de 740kg na parte externa ao disco da roda e outro pela parte interna, de 411kg e mais o peso de carretel, que une o rodado duplo, pois são quatro pneus por eixo. 
Os pneus são iguais nos dois eixos, na medida 710/70R42, tipo radial. Além dos pesos dianteiros e os discos colocados nas rodas, o fabricante ainda disponibiliza um suporte em que podem ser colocados 28 pesos de 45kg cada na parte traseira do trator, sobre as tomadas hidráulicas. Desta forma, o usuário pode trabalhar sem lastro hidráulico nos pneus.
O peso total de trator com toda a configuração pode exceder 35 toneladas. De fato, o trator testado foi pesado na propriedade e resultou em um  total de 36.000kg, no que se chega a uma relação massa/potência de 65kg/cv. O fabricante, no entanto, recomenda que na maioria dos casos o peso fique em torno dos 30.000kg, com distribuição de peso que proporcione 50% em cada eixo na condição dinâmica, portanto a maior porção do peso deve estar sobre o eixo dianteiro, em condições estáticas.

CABINE
A cabine do Steiger 550 é realmente um ponto de destaque. Denominada como “Surveyor” pelo fabricante, ela é dotada de suspensão integral. É muito semelhante à que equipa o Magnum, porém com maior área envidraçada, adequada para a visibilidade que necessita um operador em um trator que se articula no centro, para realizar as manobras. 
A suspensão integral da cabine se faz com o uso de quatro amortecedores, um em cada extremidade. Além destes amortecedores com sua respectiva mola, a estrutura possui hastes longitudinais e barras de torção para a estabilização, evitando continuidade do movimento de absorção da vibração. 
Ao lado esquerdo do assento do operador existe um console amplo, com um apoio de braço, acesso a interruptores e à alavanca multifunção, onde o fabricante possibilitou que sejam reunidos até 85% de todas as funções de operação do trator. Na alavanca multifunção o acionamento dos interruptores é feito com a mão direita, utilizando os dedos polegar e indicador.
Na frente da alavanca multifunção está colocado o monitor AFSPRO 700 para gerenciamento de toda a informação e o controle do trator e lateralmente, em um plano mais elevado, o monitor PM400 para o controle das funções da semeadora. As telas são sensíveis ao toque, com entrada USB, permitindo-se o intercâmbio com outros equipamentos, se necessário.
Na parte traseira e externa da cabine foi colocada uma barra sinalizadora de luz para dimensionar a largura da máquina, principalmente nos deslocamentos.

TECNOLOGIA
Os tratores Steiger de série apresentam o sistema AFS Guide, para agricultura de precisão, com predisposição de piloto automático, e o monitor AFS PRO 700. Ressalta-se que todos os tratores têm  piloto de série com sinal HP/XP desbloqueado, com antena 372 instalada. O usuário optar por usar o sistema RTX ou o sistema RTK, com contratação direta da Omnistar, através da compra on-line. Na região onde testamos o trator no Mato Grosso e em outras regiões, o sistema RTX centerpoint, que estava instalado no trator, é utilizado em mais de 95% dos casos.
Um avanço necessário e existente nestes modelos é a possibilidade de realizar a programação de final de linha, com memorizações das funções que o operador deseja executar na operação de manobra.
Como outros avanços tecnológicos importantes, deve-se voltar a mencionar os sistemas de Gerenciamento Automático de Produtividade (APM) e o sistema de controle de emissões SCR com pós-tratamento de gases de escape.

LOCAL DO TESTE
O local dos testes foi uma área da Fazenda São Lucas do Guaporé, de propriedade e gerenciada pela Agrícola Zanella, em Comodoro (MT). Tivemos oportunidade de conhecer e receber o acompanhamento do senhor Valdemar Zanella, um dos proprietários, juntamente com seu irmão, Francisco Zanella, que também é sócio em outras duas áreas. O senhor Valdemar trabalha juntamente com o filho, Elton Zanella. A família tem origem na cidade de Águas Frias, no estado de Santa Catarina, onde ainda mantém residência, passando vários períodos do ano. Nos demais períodos de alta intensidade de trabalho na produção agrícola, a família ocupa uma casa dentro da Fazenda em Campos de Júlio, ficando envolvida integralmente na atividade. Além deste gerenciamento familiar, eles utilizam os serviços de um técnico agrícola e de um engenheiro agrônomo.
A área onde realizamos o teste foi aberta para produção agrícola há 18 anos, porém, devido à transferência de propriedade, estava parada há duas safras, tendo que ser acondicionada para produção em julho de 2017, sendo esta a primeira safra da família na área. Além desta área de 6.800 hectares em que fizemos o teste, a família Zanella possui mais duas áreas em Campos de Júlio, desde 1984, com oito mil hectares, sendo que mil hectares são cobertos com cana-de-açúcar. 
A família é cliente da marca Case há vários anos e somente deste modelo Case Steiger 550 tem dois tratores desde setembro de 2017. O senhor Valdemar considera que tem feito bons negócios com a concessionária Case e se considera satisfeito com a marca. Seu principal entusiasmo é em relação às máquinas de colheita, que ao seu ver e na comparação com as demais, considera que são as que provocam menor dano aos grãos e cujo produto sai mais limpo do graneleiro. Além disso, a vantagem de ter uma loja da concessionária perto das duas áreas é um diferencial.

O test drive foi realizado na Fazenda São Lucas do Guaporé, de
O test drive foi realizado na Fazenda São Lucas do Guaporé, de

Atualmente, a família emprega 108 funcionários entre as três áreas e ver o impacto de sua atividade sobre as famílias é também um ponto de satisfação. Só na área do teste a empresa emprega 18 funcionários fixos, além dos que se deslocam das outras áreas nos picos de trabalho. Além dos funcionários que se deslocam para atender à necessidade de mão de obra, são transferidas máquinas de uma área a outra, que fica a 220km. O sistema inteligente de compartilhamento de máquinas tem dado certo e auxiliado a diminuir os custos. A exceção à regra são os pulverizadores autopropelidos que são específicos de cada área. Contudo, semeadura e colheita são feitas em duas áreas distantes 220km, com o mesmo maquinário.
A principal atividade da empresa é a cultura da soja na safra, introduzindo o milho e o feijão na primeira safrinha. Neste ano, além de outras culturas alternativas, deverão ser cultivados 50 hectares de grãos de bico, para experimentar uma nova cultura.
Na fazenda, a jornada de trabalho é de 12 horas, iniciando as 6h e terminando às 18h, onde se faz em torno de 70 a 80 hectares por dia de semeadura com cada conjunto mecanizado.
No teste aproveitamos para conhecer dois profissionais da fazenda. O primeiro é o técnico Ronaldo Fornara, natural de Santa Catarina, que está desde 2001 trabalhando com a família Zanella e que atua como gerente de Produção Agrícola. Ele é o encarregado da frota de máquinas, tanto da manutenção como da sua distribuição. Segundo a sua experiência, os maiores problemas enfrentados na região são a reduzida oferta de mão de obra qualificada, para o trabalho com máquinas de grande porte. Em geral, os profissionais que se apresentam não possuem treinamento adequado e necessitam receber esta formação na empresa. Outros problemas generalizados são o deficiente serviço de pós-venda e a assistência técnica dos fornecedores de máquinas, que em geral apresentam deficiência no fornecimento de peças. O ritmo de trabalho é forte e a demanda de máquinas em número e intensidade de uso é muito grande. Aquelas concessionárias que não tiverem estrutura para atender às demandas dos produtores em geral fracassam na região. Para o atendimento de todo o serviço de mecânica requerido pela frota, a fazenda dispõe de quatro mecânicos, serviço de torno e solda, além de ferramentas de todos os tipos.
O engenheiro agrônomo da empresa é Cristiano Fellini, formado na Faculdade de Itapiranga, Santa Catarina, que faz o acompanhamento intergral das atividades da fazenda, principalmente as questões ligadas à distribuição de plantas na área, à avaliação de perdas de colheita e ao acompanhamento das pragas e doenças que ocorrem durante o ciclo. Durante as operações agrícolas é ele quem controla a qualidade da operação. Explicou que por questões de tipo de solo e presença de afloramento de pedras, nesta área que realizamos o teste se utiliza apenas disco para o sulcamento, enquanto que na outra fazenda se usa sulcador de botinha. No seu entender, o fato de que a maior parte da frota seja da marca Case facilita em muitos aspectos.
O terceiro profissional que interagirmos foi o operador Marcio Ferreira de Carvalho, que está trabalhando para a família Zanella desde setembro de 2016, mas que já é operador há algum tempo e recebe treinamento e cursos de operador desde 2008, morando em Campos de Júlio a partir desta época. No seu entender, um grande salto de tecnologia ocorreu a partir de 2010, melhorando a qualidade do trabalho dos operadores, principalmente o conforto.
A soja, que é principal produto agrícola da empresa, é implantada na quantidade de 250kg de semente por hectare, o que dá aproximadamente 250 mil plantas por hectare. No milho, a população na safrinha é de 60 mil plantas por hectare, sem a necessidade de irrigação, pois na região chove quase todo o dia, durante o ciclo das culturas. A produtividade média da soja alcança 80 sacos por hectare, o que é superior à média da região. Com respeito às doenças fúngicas, a altitude de 230m desta área contrasta com os 700m de altitude da área de Campos de Júlio, modificando a necessidade de tratamento, mas que em média provoca um manejo de quatro aplicações de fungicida para a ferrugem.

Concessionário Maxxicase
O concessionário Case IH que nos apoiou no teste foi a Maxxicase, que desde 2003 atua na região. O seu proprietário é o senhor Luiz Alberto Gotardo e o coordenador da loja filial de Sapezal é o senhor Altair de Lara, que está há dez anos na empresa. 
A empresa Maxxicase compõe-se de seis lojas. A loja matriz fica em Tangará da Serra e as lojas filiais estão localizadas em Sapezal, Campos Novos dos Parecis, Diamantino, Cáceres e Pontes e Lacerda.
O produto comercial principal é a colhedora de grãos, mas em todas as lojas são vendidos todos os tipos de equipamentos e produtos relacionados a máquinas agrícolas, principalmente os tratores, as semeadoras e os pulverizadores.
Além do senhor Altair, esteve conosco o senhor Clovis Oliveira, que é especialista AFS da empresa e tem a missão de instalar, treinar e dar manutenção a todos os equipamentos de alta tecnologia da marca. Para ele, o produtor já adquiriu dependência destes produtos de alta tecnologia e no seu entender não há mais volta ao sistema praticado convencionalmente


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