O HLB é a bola da vez

Por Lourival Carmo Monaco, Presidente do Fundecitrus

08.02.2017 | 21:59 (UTC -3)

A história da cadeia produtiva da laranja mostra a recorrência de eventos que surgem como ameaças e ao longo do tempo são equacionadas e resolvidas com os conhecimentos gerados em instituições de pesquisa. Essa capacidade aflorou com a chegada, em períodos diferentes, de duas doenças classificadas como quarentenárias, o cancro cítrico e o HLB (greening), que mudaram as necessidades do setor.

Há quase 40 anos, o reconhecimento de uma dessas pressões levou os citricultores a incorporarem a luta contra o cancro cítrico, apoiando o governo na política de erradicação da doença, o que culminou na criação do Fundecitrus. Essa decisão foi um marco positivo que mudou o sentido de tratar as doenças e pragas.

Atualmente, foi preciso mudar a orientação técnica no combate ao cancro cítrico, o que levou o Fundecitrus a encampar a adoção da mitigação. Como consequência, foi alterada a Instrução Normativa federal e os estados poderão se estruturar de acordo com a realidade da doença em seus territórios.

Agora, a segunda doença se apresenta como um desafio científico, técnico, social e econômico. A ameaça do HLB é real, pois temos de enfrentar um agente infeccioso sistêmico que torna difícil o controle, levando à queda da produtividade e qualidade da fruta. Não bastasse essa característica, há a existência de um vetor, o psilídeo, com grande capacidade de infestação e crescimento em pomares sem controle químico.

Os trabalhos do Fundecitrus permitiram o desenvolvimento de estratégias para a redução da velocidade de disseminação da doença. A ameaça, porém, se torna cada vez mais evidente, nos alertando para medidas mais amplas em busca da eficácia e para não corremos o risco de simplificar o problema sem entender os componentes que dificultam seu controle e o seu impacto sobre a produtividade.

Algumas soluções que se mostram com potencial de resolver o problema de HLB demandam tempo e enfrentam a realidade de substituição das plantas nos pomares. Pesquisas trabalham na busca por resistência genética, repelência ao psilídeo, uso de feromônios que poderão contribuir com a evolução da citricultura.

Para alcançar solução mais eficaz é preciso entender os fatores que impedem o controle. É fundamental que seja estruturado um plano de caráter nacional com a adoção das técnicas já reconhecidas como eficientes, mas também incorporar na luta a compreensão de elementos que dificultam o combate. É preciso olhar o desafio com lentes mais abertas, considerando os componentes sociais, culturais e econômicos. A laranjeira ocupa espaço em todas as regiões, no campo e na cidade. Nesse conjunto temos mais de seis mil hectares de pomares abandonados e outros tantos no caminho do abandono.

Essa complexidade chama a atenção para a necessidade de um planejamento com a sociedade e os demais elos da cadeia em ações para o bem da citricultura. A situação dos pomares da Flórida serve de alerta para um enfoque mais abrangente no combate ao HLB. O desafio é grande, porém acreditamos que um novo caminho se abre para uma citricultura moderna e competitiva.


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