Riscos e prejuízos causados pelo ataque da mosca-das-cucurbitáceas
Além do poder de causar sérias injúrias aos frutos, a mosca-das-cucurbitáceas sul-americana tem potencial para impor prejuízos econômicos por conta de restrições quarentenárias
A brusone é uma doença extremamente agressiva na cultura do arroz, responsável por perdas de até 100% em situações de incidência severa. A busca por estratégias como o uso de bactérias microbiolizadas em sementes surge como alternativa para aumentar as opções de manejo integrado, melhorar o desenvolvimento inicial de plantas e reduzir a severidade do patógeno nas folhas.
Em todas as fases do seu desenvolvimento, o arroz está sujeito a estresses bióticos e abióticos. Entre os bióticos destacam-se as doenças que reduzem a produtividade e a qualidade dos grãos, sendo a brusone a principal delas. Causada pelo fungo Magnaporthe oryzae (Pyricularia oryzae – anamorfo), a brusone é a doença mais significativa no Brasil e no mundo, ocorrendo em todo o território nacional. Na região Centro-Oeste, onde predomina o sistema de cultivo de terras altas e condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da doença, os prejuízos são maiores, podendo ocorrer perdas em 100%, dependendo da cultivar e das condições de cultivo. A resistência genética é considerada a estratégia mais econômica e ecologicamente correta para minimizar as perdas causadas pela doença em plantas de arroz. Contudo, o controle da brusone é realizado por meio de agroquímicos, que nem sempre são específicos ao patógeno. A eficácia da proteção de plantas está ligada ao tipo de fungicida utilizado, do intervalo de aplicação, do número de aplicações, do tempo de aplicação, das misturas utilizadas e da qualidade e tecnologia da aplicação. O fungicida utilizado deve ser tóxico apenas ao patógeno-alvo e de baixo impacto ambiental.
Estudos realizados na Embrapa Arroz e Feijão, em 2011, para testar o efeito de quatro fungicidas em fungos não alvo do filoplano do arroz, constataram que, dos fungicidas testados, dois reduziram a severidade de brusone nas panículas e apenas um apresentou certo grau de seletividade ao patógeno, não afetando o desenvolvimento de fungos não alvo na folha. Assim, há necessidade de integração de métodos de controle, o manejo integrado. Este manejo objetiva reduzir a população do patógeno em níveis toleráveis, sem causar danos econômicos à cultura, mediante a adoção de um conjunto de medidas preventivas, de maneira não isolada. O principal componente do manejo é a resistência genética da cultivar, seguidos do controle químico, das práticas culturais e, mais recentemente, do controle biológico. O interesse pelo controle biológico tem aumentado recentemente com o intuito de encontrar outras opções além do controle químico. Com o objetivo de avaliar sintomas de brusone e desenvolvimento inicial em plantas de arroz, sementes da cultivar Primavera foram microbiolizadas com bactérias previamente isoladas da rizosfera de arroz (R235 e R46) e de eucalipto (RE1 e RE8). A microbiolização de sementes foi realizada mantendo as sementes imersas em suspensão bacteriana por 24 horas sob agitação constante. Posteriormente, as sementes foram submetidas à secagem em temperatura ambiente por 24 horas e depois semeadas em vasos (Figura 1) contendo 8kg de solo peneirado e adubado na proporção de 350kg/ha da fórmula N-P-K (05-30-15). Para fins de controle, sementes não microbiolizadas também foram semeadas, sendo parte dos tratamentos inoculados com água. Para o desenvolvimento da brusone, após abertura da terceira folha, foi realizada inoculação com suspensão de conídios de M. oryzae 3x105 conídios.ml-1. O experimento totalizou 10 tratamentos, sendo eles: T1) sementes não microbiolizadas inoculadas com M. oryzae; T2) sementes não microbiolizadas inoculadas com água; T3) sementes microbiolizadas com R46 inoculadas com água; T4) sementes microbiolizadas com RE8 inoculadas com água; T5) sementes microbiolizadas com RE1 inoculadas com água; T6) sementes microbiolizadas com R235 inoculadas com água; T7) sementes microbiolizadas com R46 inoculadas com M. oryzae; T8) sementes microbiolizadas com RE8 inoculadas com M. oryzae; T9) sementes microbiolizadas com RE1 inoculadas com M. oryzae; e T10 sementes microbiolizadas com R235 inoculadas com M. oryzae. Seguidos nove dias da inoculação, foi realizada avaliação de brusone nas folhas e coletadas três plantas por vaso de cada tratamento. Foram mensuradas a partir do colo até o ápice da maior folha para avaliar desenvolvimento das plantas e os dados submetidos à análise de variância.
As análises realizadas evidenciaram a ocorrência de interação negativa entre tamanho de plantas e severidade de brusone nas folhas (BF) quando as sementes foram microbiolizadas com rizobactérias (Figura 2A), ou seja, quanto maior a severidade da brusone, menor foi o tamanho das plantas. Outro resultado evidenciado pela análise de variância foi uma diferença significativa entre os tratamentos indicando que o tamanho das plantas foi influenciado pela presença das rizobactérias R46 (da rizosfera de arroz) e RE8 (da rizosfera de eucalipto), variação observada pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Figura 2B). A análise de variância para severidade de brusone na folha mostrou diferenças estatísticas de todos os tratamentos em relação à testemunha inoculada (T1), com CV = 20,81% (Figura 3). O isolado R46 reduziu 33% a severidade de brusone nas folhas, seguido do isolado RE8 (20%), também aumentou o tamanho das plantas em 42% e 31%, respectivamente, quando comparados com a testemunha. Estudos para a identificação destas bactérias estão sendo realizados pela Embrapa Arroz e Feijão, bem como a utilização destes isolados bacterianos no controle de outros patógenos do arroz e também no desenvolvimento de plantas e controle de doenças em outras culturas. Estes resultados indicam que a utilização de bactérias via microbiolização de sementes é uma boa alternativa para o desenvolvimento inicial de plantas de arroz além de reduzir significativamente a severidade de brusone nas folhas. Esta prática pode reduzir o uso de agroquímicos na cultura, uma vez que seja introduzida no manejo integrado da doença.
Figura 1 - Plantas de arroz antes da inoculação (A) e após a inoculação (B)
Figura 2 - Severidade de brusone nas folhas nos tratamentos 2 - sementes não microbiolizadas inoculadas com água (A), 7 - sementes microbiolizadas com R46 inoculadas com M. oryzae (B); 8 - sementes microbiolizadas com RE8 inoculadas com M. oryzae (C), em relação aos tratamentos e 1 - sementes não microbiolizadas inoculadas com M. oryzae (D)
Arroz
O arroz (Oryza sativa) é alimento básico para cerca da metade da população mundial, sendo o produto de maior importância econômica em muitos países em desenvolvimento. Estimativas indicam que até 2050, a produção deverá ser dobrada para atender a demanda da população e a América Latina e a África sobressaem-se por serem as únicas regiões com potencial para a produção de arroz com capacidade para atender o crescimento do consumo pela população. Destaca-se pela adaptabilidade aos mais diversos ecossistemas, pela amplitude de área ocupada, assim como pela sua produtividade, tanto no Brasil quanto no mundo.
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