Comparativo de tratores de 75cv comercializados no Brasil

Traçamos um comparativo de características técnicas entre os modelos Case-IH Farmall 80, John Deere 5078E, LS Tractor Plus 80, Mahindra 6075, Massey Ferguson MF 4707, New Holland TT4.75 e Valtra A74s

08.10.2021 | 20:59 (UTC -3)

Para auxiliar os produtores na aquisição do seu próximo trator na faixa dos 75cv de potência, traçamos um comparativo de características técnicas entre os modelos Case-IH Farmall 80, John Deere 5078E, LS Tractor Plus 80, Mahindra 6075, Massey Ferguson MF 4707, New Holland TT4.75 e Valtra A74s

O nosso primeiro comparativo de tratores, publicado em junho de 2009 com o lançamento do Programa Mais Alimentos, foi um sucesso. Por isso, após realizarmos mais de dez comparativos de tratores de diferentes categorias, nesta edição voltamos à mesma faixa de potência para comparar os modelos Case-IH Farmall 80, John Deere 5078E, LS Tractor Plus 80, Mahindra 6075, Massey Ferguson MF 4707, New Holland TT4.75 e Valtra A74s. São tratores da oferta nacional de modelos com potência máxima do motor entre os 75cv e os 80cv. 

O mercado nacional apresenta a oferta de 24 tratores de 11 marcas diferentes e a nossa escolha sobre estes sete modelos baseou-se na disponibilidade de informações e na reconhecida competição entre estes tratores. Escolhemos um modelo de cada uma das grandes marcas, pois infelizmente não poderíamos estabelecer uma fiel comparação utilizando todos os modelos oferecidos.

Esperamos que os leitores, em geral ávidos por conhecimento, possam tirar suas próprias conclusões e não se restrinjam somente ao que nós percebemos de semelhanças e diferenças.

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MOTOR

O motor dos tratores agrícolas evoluiu bastante nos últimos anos, principalmente no que diz respeito ao aumento da eficiência e à diminuição das emissões de gases poluentes. No Brasil, por exemplo, a fim de atender aos programas de controle de emissões, desde o dia 1º de janeiro de 2019, todos os motores destinados às máquinas agrícolas novas, em produção ou importadas, com potência maior ou igual a 25cv e até 101cv, devem atender aos limites da fase MAR-I.

O MF 4707 é equipado com motor AGCO Power
O MF 4707 é equipado com motor AGCO Power

São diversas tecnologias utilizadas e alterações realizadas pelos fabricantes, para adequar o motor para cada situação de trabalho e reduzir as emissões. O tipo do sistema de injeção de combustível é uma delas. Muitos tratores, geralmente modelos com até 100cv de potência, ainda são equipados com motores mecânicos, que são simples, porém muito eficientes; mas também com motores eletrônicos, modernos e inteligentes.

Com exceção dos modelos do grupo AGCO, o MF 4707 e o Valtra A74s, que utilizam injeção eletrônica, todos os demais contam com sistema de injeção mecânica de combustível. Alguns fabricantes detalham mais. Os tratores Farmall 80, da Case-IH, e o 5078E, da John Deere, utilizam bomba injetora rotativa, da marca Delphi. Já, o trator TT4.75, da New Holland, utiliza bomba em linha, da marca Bosch.

Os motores utilizados nos modelos escolhidos para este comparativo são o FPT, que equipam os tratores do grupo CNH, o Farmall 80, da Case-IH, e o TT4.75, da New Holland; o John Deere, modelo PowertechTM 4045H do 5078E, da John Deere; o tradicional motor Perkins, modelo 1104D-44T, que equipa o modelo Plus 80, da LS Tractor; o motor Mahindra, modelo MSI 475, que equipa o trator Mahindra 6075; e o motor AGCO Power, que equipa os modelos MF 4707 e Valtra A74s.

Os motores AGCO Power e FPT, modelo S8000, que equipa o trator TT4.75, possuem três cilindros, aspiração turbocomprimida com intercooler e os menores volumes internos deslocados, sendo de 2.931cm³ para o motor FPT e 3.300cm³ para o motor AGCO Power. Os outros quatro motores são de quatro cilindros, com volume interno variando de 3.822cm³ para o motor Mahindra a 4.500cm³ para o John Deere.

Mahindra 6075
Mahindra 6075

Quanto ao tipo do sistema de aspiração de ar dos motores de quatro cilindros, há uma divisão igualitária. O motor Perkins, que equipa o Plus 80, da LS Tractor, e o Mahindra, que equipa o trator Mahindra, modelo 6075, contam apenas com alimentação forçada de ar por turbocompressor. Já os motores FPT, da Case-IH, e o motor PowertechTM, da John Deere, têm aspiração turbocomprimida com intercooler, assim como nos motores de três cilindros.

A sobrealimentação de ar, com o uso de turbocompressor, possibilitou que os fabricantes de motores reduzissem o número de cilindros, mantendo a mesma potência. Isso ajudou com que os motores se tornassem menos poluentes, mais eficientes e econômicos. O volume interno deslocado do motor, que pode ser expresso em cm³ ou litros, popularmente chamado de cilindrada, permite criar algumas relações, que estão apresentadas na Tabela 1, e serão abordadas mais adiante.

Quanto ao desempenho dos motores dos sete tratores comparados, todos os fabricantes disponibilizam os dados de torque máximo (N m), potência nominal (cv), rotações (rpm) de torque máximo e potência nominal, bem como a norma oficial, utilizada para levantar tais informações. É importante conhecer a norma para realizar os ensaios de motores, pois cada uma utiliza determinado procedimento de ensaio, e leva em consideração fatores, que interferem nos resultados obtidos.

A potência nominal vai dos 75cv (New Holland, TT4.75), 76cv (Massey Ferguson, MF 4707 e Valtra, A74s), 78cv (John Deere, 5078E) aos 80cv (Case-IH, Farmall 80; LS Tractor, Plus 80 e Mahindra, 6075). A rotação de potência nominal também varia, de 2.000rpm para os motores eletrônicos, de três cilindros, que equipam os tratores do grupo AGCO, até a rotação de 2.400rpm, dos motores dos tratores Farmall 80 e 5078E, da John Deere.

LS Tractor Plus 80
LS Tractor Plus 80

Os motores com menor torque máximo (300 N m) equipam os tratores Farmall 80 e 5078E; e o de maior torque (352 N m) equipa o trator Plus 80, da LS Tractor. As rotações de torque máximo variam de 1.260rpm até 1.600rpm. A reserva de torque, isto é, a capacidade de resposta do motor, varia de 25% a 34%. Para muitos especialistas, este dado é muito importante em uma comparação. Infelizmente, os fabricantes Mahindra, Massey Ferguson e Valtra não divulgam a reserva de torque dos seus motores.

Quanto às relações criadas, que permitem analisar, de certa forma, a eficiência dos motores, verifica-se que a relação cv/cilindro é bem próxima para os modelos 5078E da John Deere (19,5cv/cilindro), e Farmall 80, da Case-IH; Plus 80, da LS Tractor, e 6075, da Mahindra (20cv/cilindro). Porém, para os demais modelos comparados esta relação aumenta, o que é desejado, e também fica muito próxima. Para o motor FPT, da New Holland, a relação é de 25cv/cilindro; e para os motores AGCO Power, da Massey Ferguson e Valtra, é de 25,3cv/cilindro.

Quando a comparação é feita pela relação entre o volume interno deslocado (cm³) e a potência nominal do motor (cv), as melhores eficiências, portanto numericamente menores, são de 39,1cm3/cv para o motor FPT, da New Holland; 43,4cm³/cv para os motores AGCO Power, da Massey Ferguson e Valtra; 47,8cm³/cv para o motor Mahindra; 48,9cm³/cv para o motor FPT, da Case-IH; 55cm³/cv para o motor Perkins, da LS Tractor; e 57,7cm³/cv para o motor PowertechTM, da John Deere.

Esta análise de eficiência na produção de potência significa que alguns motores podem produzir mais potência em relação ao seu número de cilindros e volume interno deslocado. Porém, não pode ser avaliado se o motor está próximo ao seu limite mecânico de resistência ou não. Com o objetivo de se fazer uma fácil e rápida comparação, as Tabelas 1 e 2 apresentam o resumo das principais características dos motores e transmissões dos sete modelos de tratores analisados.

TRANSMISSÃO

Ao analisar o sistema de transmissão, todos os modelos de tratores comparados têm transmissão mecânica, do tipo sincronizada. Este tipo de transmissão possibilita que o operador realize a troca de marchas em movimento, uma vez que anéis sincronizadores ajustam a rotação das engrenagens a serem acopladas. Vale ressaltar que a troca de marchas em movimento não é recomendada quando o trator estiver realizando operações que demandam tração e potência constante, visto que a sobrecarga gerada pode danificar o sistema.

Case-IH Farmall 80
Case-IH Farmall 80

Outro consenso entre os fabricantes diz respeito ao número de marchas. A maioria dos modelos deste comparativo é ofertada com 12 marchas à frente e 12 marchas à ré. Como opcional, têm-se caixas de câmbio com 12 marchas à frente e quatro marchas à ré, para o modelo Farmall 80, da Case-IH, e de nove marchas à frente e três marchas à ré, para o modelo 5078E, da John Deere. O trator 6075, da Mahindra, é o único que oferece 15 marchas à frente e 15 marchas à ré.

Com base nestas informações, percebe-se a importância dada pelos fabricantes em projetar tratores com o mesmo número de marchas à frente e à ré. Em função disso, todos os modelos também contam com reversores ou inversores de movimento, o que facilita a alteração do sentido de deslocamento e propicia agilidade nas manobras. Para operações que utilizam a marcha à ré em boa parte do tempo, dentro de um armazém, por exemplo, estas “características” são essenciais.

Com acionamento mecânico, em sua grande maioria, os modelos Farmall 80, da Case-IH, MF 4707, da Massey Ferguson, e A74s, da Valtra, também disponibilizam, como opcional, reversores ou inversores eletro-hidráulicos. Já o modelo 5078E, da John Deere, é o único do comparativo que conta com reversor eletro-hidráulico como padrão de fábrica, ou seja, standard.

Quase todos os fabricantes disponibilizam, de forma opcional, redutor de velocidade, também chamado de super-redutor ou creeper. Este sistema amplia o número de marchas, isto é, tem mais pares de engrenagens, que fazem com que o trator se desloque a velocidades muito baixas, inferiores a 1km/h. Com esta opção, o Farmall 80, da Case-IH, passa a ter 20 marchas à frente e 12 marchas à ré; os tratores Plus 80, da LS Tractor, e 6075, da Mahindra, 20 marchas à frente e 20 marchas à ré; e os tratores do grupo AGCO passam para 24 marchas à frente e 24 marchas à ré.

John Deere 5078E
John Deere 5078E

De forma prática, a qualidade da transmissão de um trator pode ser mensurada por meio do escalonamento de marchas e suas faixas de sobreposição. Estas devem fornecer as velocidades ideais, ou mais próximas possível das preconizadas, para cada tipo de operação. Soma-se a isso a necessidade de se trabalhar com a rotação correta da TDP (540, 750 ou 1.000 rpm), caso a TDP esteja acionada. O escalonamento pode ser consultado no manual ou em adesivos, geralmente fixados no para-lama direito ou no vidro da cabine do trator.

O tipo de embreagem e o sistema de acionamento variam entre os fabricantes. Os modelos comparados, em sua maioria, apresentam embreagens do tipo disco seco cerametálico, de acionamento mecânico. O 5078E, da John Deere, conta com embreagem dupla de acionamento mecânico nos tratores com transmissão 9x3, e embreagem multidisco úmida com acionamento eletro-hidráulico para os com transmissão 12x12. O MF 4707, da Massey Ferguson, e o A74s, da Valtra, são ofertados, como opcional, com embreagem multidisco úmida e acionamento eletro-hidráulico.

SISTEMA HIDRÁULICO E TDP

Todos os modelos de tratores contemplados e comparados tecnicamente neste artigo possuem o sistema de acoplamento de três pontos para levante dos implementos e atuadores hidráulicos. Tais atuadores, juntamente com as válvulas de controle remoto (VCR), acionam os órgãos ativos das máquinas e implementos agrícolas, responsáveis por determinada ação, em campo.

A vazão do sistema hidráulico varia de 44,5 litros por minuto no modelo Farmall 80, da Case-IH, até 86 litros por minuto no modelo Plus 80, da LS Tractor. A vazão no modelo TT4.75, da New Holland, é de 54 litros por minuto; no modelo 6075 da Mahindra, é de 58 litros por minuto, e nos modelos MF 4707, da Massey Ferguson, e A74s, da Valtra, é a mesma, de 65 litros por minuto. Por fim, o modelo 5078E, da John Deere apresenta a vazão de 71 litros por minuto.

Valtra A74s
Valtra A74s

Quanto à pressão do sistema hidráulico, a Mahindra disponibiliza, no modelo 6075, a pressão de 186bar; nos modelos Farmall 80, da Case-IH, e Plus 80, da LS Tractor, é de 190bar; no modelo 5078E, da John Deere, é de 197bar; nos modelos do grupo AGCO (MF 4707 e A74s) é de 200bar. Infelizmente, o fabricante New Holland não apresenta o dado de pressão do sistema hidráulico na ficha técnica do trator TT4.75.

A capacidade de levante do sistema hidráulico dos modelos comparados foi aquela que, segundo norma oficial, estabelece a capacidade de carga a 610mm do olhal ou rótula do engate de três pontos. Os modelos avaliados apresentaram amplitude de carga que variou de 2.025kg para o modelo 5078E, da John Deere, até 2.200 kg para o modelo Farmall 80, da Case-IH.

Na ficha técnica do trator Farmall 80, da Case-IH, consta que o sistema hidráulico é alimentado por uma bomba totalmente independente, e o sistema de direção conta com uma bomba de óleo exclusiva, com capacidade para até 29 litros por minuto. Ainda, está equipado com duas válvulas de controle remoto.

O modelo TT4.75, da New Holland, tem três válvulas VCR de dupla ação, para diversas aplicações e melhor controle e uniformidade das operações agrícolas, com capacidade de levante para 2.150kg. O modelo 5078E, da John Deere, utiliza braços telescópicos com controlador externo mecânico, que possibilita o acionamento a partir do solo, sem necessidade de o operador subir na plataforma do trator.

New Holland TT4.75
New Holland TT4.75

Os demais fabricantes, LS Tractor, Mahindra, Massey Ferguson e Valtra, não especificaram a capacidade de levante, a 610mm do olhal, porém informam a capacidade máxima de levante. Os modelos MF 4707, da Massey Ferguson, e A74s, da Valtra, têm a mesma capacidade de levante, de até 3.000kg. O modelo 6075, da Mahindra, tem capacidade de levante no olhal de 2.600kg, e o modelo Plus 80, da LS Tractor, especifica 3.600kg no olhal.

Quanto à tomada de potência (TDP) dos modelos comparados, comentaremos principalmente as especificações técnicas referentes ao acionamento e outras configurações similares entre todos os modelos. A TDP do trator Farmall 80, da Case-IH, tem potência de 69cv, com acionamento mecânico e duas rotações standard (540/540E rpm) e 1.000rpm, como opcional, o que possibilita alternativas para acionamento de maior quantidade de implementos.

No caso do modelo TT4.75, da New Holland, também possui TDP de acionamento mecânico, independente e com duas rotações padrão, 540/540E rpm. A TDP do modelo 5078E, da John Deere, possibilita selecionar duas opções: 540/540E RPM, de acordo com a atividade agrícola e o tipo de implemento. A TDP do modelo Plus 80, da LS Tractor, tem potência de 76cv, é independente, com três rotações de trabalho: 540, 750 e 1.000 rpm; e acionamento eletro-hidráulico.

O modelo 6075, da Mahindra, possui TDP independente com duas rotações, 540 e 540E RPM, e acionamento mecânico, com 66cv de potência. Os modelos MF 4707, da Massey Ferguson, e A74s, da Valtra, contam com 64cv de potência na TDP e acionamento eletro-hidráulico. O trator da Valtra conta com as duas rotações de trabalho da TDP (540/540E rpm) standard. Já para o trator da Massey Ferguson, a TDP econômica (540E rpm) é opcional, de acordo com o pedido do cliente.

O entendimento das características e das particularidades inerentes a cada tipo de sistema hidráulico, bem como as informações técnicas fornecidas pelos fabricantes, como capacidade de levante, número de saídas e vazão disponibilizada nas VCR e acionamento da TDP, é fundamental para o dimensionamento das máquinas e implementos e seleção para compra ou uso dos de tratores, garantindo maior eficiência e rendimento operacional nas atividades agrícolas mecanizadas.

ERGONOMIA, POSTO DE CONDUÇÃO E CABINE

Com vistas a incrementar a produtividade do trabalho, um dos fatores a serem analisados é o posto de operação. Nesse devem ser oferecidos requisitos que tragam qualidade ergonômica ao operador. O conforto, o dimensionamento e o posicionamento correto dos comandos de operação, dentre outros, têm como objetivo reduzir o cansaço do operador ao final da jornada de trabalho, os acidentes e as doenças ocupacionais que possam surgir ao longo dos anos.

Os tratores comparados, em sua grande maioria, possuem posto de operação do tipo plataformado e, como opcional, a cabine, com exceção dos modelos TT4.75, da New Holland, e 6075, da Mahindra, que estão disponíveis somente na versão plataformada. Para estes modelos, o acionamento de alguns componentes deve ser feito de maneira mecânica, como o da tração dianteira auxiliar, por exemplo, que se dá por meio de uma alavanca.

Mahindra 6075
Mahindra 6075

Para os tratores com cabine, o acionamento da tração ocorre por meio de um sistema eletro-hidráulico, localizado próximo ao painel de instrumentos, para os modelos Farmall 80, da Case-IH, e 5078E, da John Deere. Nos modelos do grupo AGCO, MF 4707 e A74s, o botão de acionamento da tração está posicionado no lado direito do posto de operação. Mesma posição para o trator Plus 80, da LS Tractor, que, para este comparativo, foi escolhido na versão plataformada, que para a maioria das funções conta com acionamento eletro-hidráulico.

O acionamento do bloqueio do diferencial é feito de forma mecânica, por meio de pedal, posicionado no assoalho, à direita do operador, para os modelos TT4.75, da New Holland, e 6075, da Mahindra. O 5078E, da John Deere, é o único trator com este tipo de acionamento na versão cabinada. O Farmall 80, da Case-IH, tem bloqueio mecânico e eletro-hidráulico, como opcional. Os demais (Plus 80, MF 4707 e A74s) contam com acionamento eletro-hidráulico, situado à direita do operador.

O acionamento eletro-hidráulico dos comandos de operação é utilizado em grande parte dos modelos avaliados, visando segurança e comodidade ao operador. Os modelos que utilizam este sistema para o acionamento da TDP são: o MF 4705, da Massey Ferguson, e o A74s, da Valtra, posicionados à direita do operador; e o Plus 80, da LS Tractor, à direita no painel de controle. Para os tratores Farmall 80 e 5078E, este sistema é opcional, de acordo com a transmissão escolhida. Estes tratores também podem contar com o acionamento mecânico.

Para os modelos TT4.75, da New Holland, e 6075, da Mahindra, que são plataformados, o acionamento é mecânico, por meio de alavanca, posicionada à esquerda do operador. Para os modelos que têm a opção da TDP econômica, que possibilita a realização do trabalho com menor rotação do motor, podendo gerar economia de combustível, de modo geral, para os modelos comparados, a seleção da TDP econômica é feita por alavanca, no lado esquerdo do operador.

Quanto à posição dos comandos do sistema de levante hidráulico, em todos os modelos eles estão à direita do operador. Para os tratores MF 4705 e A74s, a forma dos controles é através do sistema eletrônico, e para os modelos Farmall 80, 5078E, Plus 80, 6075 e TT4.75, na forma tradicional, por meio de alavancas. Ao analisar a disposição dos comandos das VCR, em todos os modelos, também estão posicionados no lado direito do posto de operação.

LS Tractor Plus 80
LS Tractor Plus 80

O freio de estacionamento encontra-se no lado esquerdo do posto do operador, atuando de forma independente, nos modelos TT4.75, Farmall 80, MF 4707 e A74s; no modelo Plus 80 está no lado direito. No trator 6075, da Mahindra, o sistema está interligado com os freios, sendo que para acioná-lo deve-se pisar no freio e puxar a alavanca, abaixo do volante. No modelo 5078E, o freio de estacionamento está junto com a alavanca de marchas do trator, tendo que movimentá-la para a posição P (Park), fazendo com que ocorra o bloqueio da transmissão.

O posicionamento das alavancas de marchas varia de modelo para modelo. No lado esquerdo do posto de operação dos tratores TT4.75, 6075 e Plus 80 tem a alavanca de seleção dos grupos de marchas, e no lado direito está a alavanca de marchas de trabalho. Já, para os tratores Farmall 80, 5078E, MF 4707 e A74s as alavancas dos grupos e das marchas de trabalho estão dispostas no lado direito do posto de operação. Todos os modelos contam com reversor, na coluna de direção, podendo ser mecânico ou eletro-hidráulico, de acordo com a transmissão.

Os painéis de instrumentos dos tratores comparados possuem boa visibilidade, apresentando horímetro, tacômetro, medidor de combustível, temperatura, sinais luminosos que indicam a pressão de óleo, pisca-alerta, funcionamento da TDP, acionamento da TDA, bloqueio do diferencial, dentre outras funções. Cada modelo tem as suas particularidades, mas, de maneira geral, todos buscam proporcionar conforto, visibilidade e acesso aos comandos.

TECNOLOGIA

O modelo 5078E, da John Deere, possui como opcionais o AutoTrac Universal 300 (ATU 300) e o monitor Gen 4 4240. O ATU 300 é um sistema de piloto automático universal resistente a água e poeira, compatível com os tratores cabinados e plataformados da marca. Esta tecnologia proporciona aumento de produtividade na lavoura, por trazer o sistema autônomo de condução, reduzindo sobreposições e falhas, decorrentes de passadas sucessivas, além de permitir a velocidade de trabalho ideal e constante, para aplicações específicas que requerem velocidades elevadas, como a pulverização, por exemplo. O sistema proporciona, ainda, conforto ao operador e reduz a fadiga durante operações por longos períodos de tempo. Com acionamento via motor elétrico, silencioso e versátil, é uma excelente solução de direcionamento.

Valtra A74s
Valtra A74s

Outro opcional deste modelo é o monitor Gen 4 4240, com tela sensível ao toque de 8,4 polegadas e certificação IP65, resistente a chuva e poeira. Este monitor possibilita o controle e monitoramento total da máquina e operação de forma intuitiva, além de integração com o sistema de piloto automático, AutoTrac. Tem recursos como gerenciamento de áreas e mapeamento da lavoura via sistema de GPS, funções de semeadoras, distribuidores e pulverizadores, mapas de cobertura individual, pontos de aplicação na lavoura e controle de seção, sem a necessidade do AutoTrac. Ainda, no monitor, o usuário tem acesso a documentação da máquina, análise e sincronismo de dados agronômicos em tempo real, juntamente com a plataforma Operations Center, que possibilita a organização e o planejamento do trabalho, e monitoramento da fazenda.

O fabricante LS Tractor, em parceria com a empresa argentina Colven, desenvolveu o sistema de proteção para motores, denominado Vigia, e o sistema de telemetria Unit Control. Desde então, vem trazendo como itens opcionais no modelo Plus 80. O Vigia trata-se de um sistema que monitora variáveis e informações fornecidas por sensores de temperatura e de pressão do óleo lubrificante, temperatura do bloco do motor e tensão da bateria. É encarregado de sinalizar erros e problemas de funcionamento no motor, por meio de avisos luminosos e sonoros no painel da máquina, além de proteger o sistema, realizando o desligamento automático do motor caso haja o diagnóstico de uma falha crítica, como superaquecimento ou baixa pressão de óleo.

Massey Ferguson MF 4707
Massey Ferguson MF 4707

Outro opcional é o sistema Unit Control de telemetria via satélite e GPRS, que permite ao usuário receber informações instantâneas de localização e funcionamento do trator. Ele indica, em tempo real, as condições de uso da máquina, o tempo de funcionamento e quaisquer ocorrências durante a operação, além de integrar as informações do sistema Vigia. Os dados podem ser acessados pela plataforma Gestya, via navegador de internet ou aplicativo de celular, onde o usuário também pode receber alertas sobre o funcionamento do trator.

O trator 6075, da Mahindra, que possui como principais características a simplicidade e a praticidade, não conta com soluções tecnológicas embarcadas, tanto como itens de série quanto como opcionais. Isso faz parte da estratégia de mercado do fabricante, na busca pela redução de custos do produto final e com manutenções.

John Deere 5078E
John Deere 5078E

Para os modelos Farmall 80, da Case-IH, e TT4.75, da New Holland, por pertencerem ao mesmo grupo, Grupo CNH, compartilham algumas tecnologias, porém com nomes comerciais distintos. É o caso do controle do levante hidráulico, que traz o nome de Lift-O-Matic no trator da New Holland, e a sigla MHC para controle de engate mecânico no trator da Case-IH. Esse sistema possibilita ao operador controlar o sistema de levante hidráulico com o acionamento de um único botão, facilitando manobras de cabeceira ao levantar e retornar o levante hidráulico para a posição original de trabalho após a manobra, sem a necessidade de mover as alavancas de controle e posição do sistema hidráulico. Contam, ainda, com suporte standard para Agricultura de Precisão, equipados com cabos (chicotes) para conexão com sistemas de georreferenciamento e telemetria, sendo possível a instalação do monitor Intelliview e sistemas de antena e conversor NAV.

Os tratores fabricados pelo grupo AGCO, MF 4707, da Massey Ferguson, e A74s, da Valtra, possuem o acionamento da embreagem por meio de um botão, posicionado na manopla de marchas, chamado de Easy-shift pela Massey Ferguson e de Hi-Shift pela Valtra. Essa tecnologia traz conforto ao operador, que necessita utilizar o pedal da embreagem apenas para ligar o trator, reduzindo a fadiga durante as operações, em campo. Outra tecnologia inclusa nestes tratores é o sistema de segurança antifalha, que lembra o Vigia do Plus 80, porém no MF 4707 e A74s ao detectar alguma anormalidade, o sistema entra em modo de segurança, limitando a rotação do motor e emitindo um alerta sonoro e luminoso no painel.

Ao comparar estes sete modelos, nosso objetivo foi auxiliar o produtor ou frotista na tomada de decisão na hora da aquisição seu trator na faixa dos 75cv de potência. Trata-se de um comparativo de características técnicas, onde o leitor determinará quais os modelos se encaixam às necessidades do seus trabalho e propriedade. Com isso, esperamos auxiliar nossos leitores na escolha do seu próximo trator de 75cv, da mesma forma que auxiliamos com comparativos em outras faixas de potência, que também podem ser encontrados nas edições anteriores da Cultivar Máquinas.

José Fernando Schlosser,
Marcelo Silveira de Farias,
Rubén Collantes Veliz,
Daniela Herzog,
Natã Balssan Moura e
Guilherme Dal Mas,
Lab. de Agrotecnologia - UFSM


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LS Tractor Fevereiro