A hora e a vez da agricultura familiar
Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário
Sem dúvida, o cafeeiro irrigado já é uma realidade nas mais diversas áreas de produção no Brasil, sendo que a adoção de um sistema de irrigação por pivô central, gotejamento e aspersão em malha é plenamente acessível aos cafeicultores, não importando o tamanho da área. São diversos os objetivos da irrigação no cafeeiro, destacando-se a maior produtividade, melhor qualidade do produto e a estabilidade da produção proporcionando maior rentabilidade apesar dos problemas estruturais por que passa o setor. Esses objetivos têm sido atingidos.
Para entender o momento atual da irrigação no cafeeiro é importante ter em mente as transformações pelas quais passou o setor. No passado era considerado um luxo devido às limitações da tecnologia, disponibilidade e custo dos equipamentos. Hoje, o conceito é de cafeicultura irrigada, cuja otimização dos insumos água, energia e mão de obra se tornaram o foco principal da irrigação, proporcionando rentabilidade com sustentabilidade, que exige um processo técnico de manejo da irrigação. Este processo visa organizar as atividades relacionadas à irrigação, acompanhando o consumo e a conta de energia, avaliando e ajustando o equipamento de irrigação permanentemente.
Decidindo o melhor momento e a lâmina de irrigação mais adequada, anotando os principais pontos relacionados à irrigação e confrontando com a produtividade obtida. É importante citar que isso envolve um processo de treinamento permanente dos técnicos e operadores de campo, definição de estratégias de comum acordo com os responsáveis pelo sistema de produção, avaliação criteriosa dos resultados a cada fechamento de safra e definição dos objetivos para a próxima.
A dificuldade da implantação de um programa de manejo está associada à grande variabilidade devido a interação do solo, da água, do clima, da planta e da irrigação da região explorada, esta dificultada pelos fatores operacionais que exigem decisões durante os 365 dias do ano. Tudo isto gera uma decisão que infelizmente não é possível através de uma receita simples, pois envolve muitos aspectos e se torna complexa exigindo a adoção de um manejo profissional.
Apesar dessas dificuldades, é crescente o número de propriedades irrigadas que se beneficiam da implantação de um sistema de manejo cada vez mais disponível. Os benefícios da implantação de um programa profissional de manejo da irrigação envolvem otimização do uso da energia, maior produtividade, melhoria das condições de fitossanidade e condições nutricionais ampliando a vida útil dos equipamentos e melhoria do uso da mão de obra, permitindo produções com maior rentabilidade. Os custos referentes à irrigação envolvem projeto, compra e implantação do equipamento, operação e manutenção do sistema ao longo do ano e a energia gasta mensalmente no processo de irrigar.
Em média, todos os custos citados para irrigar uma área exigem de 3 a 4 sacas/ ha/ano do que foi produzido (cerca de 5%), sendo que as demais sacas produzidas devem fazer frente aos pagamentos de outros custos (tratos culturais, colheita e processamento) e gerar o lucro necessário. Para mostrar a importância do custo de energia, observa-se que cerca de 60% seria somente para o pagamento da conta de energia, sendo este insumo o maior valor, superando inclusive os gastos com a aquisição e implantação do sistema de irrigação.
Finalizando, é importante ter em mente que o futuro do manejo da irrigação envolve o uso de sensores modernos e automáticos com acesso remoto, que é uma necessidade básica para a produção sustentável na cafeicultura irrigada, envolvendo critérios técnicos e operacionais. Quando realizado no dia a dia na própria fazenda, envolvendo treinamento do pessoal técnico e de campo, com metas bem definidas e com acompanhamento dos resultados, proporciona elevada adesão e continuidade.
Que assim seja!
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Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário
Deixar as terras paradas, sem nenhum cultivo de segunda safra, pode ser ruim para o produtor de Mato Grosso do Sul, conforme demonstrou pesquisa conduzida pela Embrapa Agropecuária Oeste (MS) para analisar os efeitos do pousio (fase sem plantio) s